×

Palestina | Lula mantém relações entre Brasil e Israel enquanto faz demagogia com o massacre contra o povo palestino

Diante da barbárie promovida pelo Estado sionista de Israel e do aumento das ações em solidariedade dos trabalhadores e da juventude de diversos países em solidariedade ao povo palestino, Lula pela primeira vez citou nominalmente Israel de forma crítica. Entretanto, mantém as relações do Brasil com o Estado sionista e segue igualando o inigualável, dizendo aquilo que o Estado sionista faz em Gaza é “tão grave quanto” foram as ações do Hamas.

quinta-feira 16 de novembro de 2023 | Edição do dia

Imagem: Adriano Machado/REUTERS

A fala de Lula busca se localizar criticamente a Israel diante da escalada das ações militares na Palestina e também da solidariedade internacional que se expressa. Porém, a relação com seu aliado diplomático de extrema direita Benjamin Netanyahu impõe um limite evidente, com o Brasil mantendo acordos firmados durante o governo Bolsonaro e todas as relações do Estado brasileiro com Israel, com o Lula sem nomear diretamente como massacre e limpeza étnica as ações contra a Palestina. Em uma falsa neutralidade, o presidente brasileiro acaba por tentar igualar o inigualável, assumindo um discurso que termina justificando a ofensiva de Israel contra o povo palestino.

Pressionado pela situação internacional, Lula criticou as milhares de mortes de mulheres e crianças resultantes dos bombardeios e dos ataques por terra. São mas de 10 mil palestinos assassinados pela política sionista, sendo uma maioria de mulheres e crianças, com boa parte das residências destruídas, além do corte de água, luz, internet. Os bombardeios em hospitais e campos de refugiados, além da utilização de armas químicas se configuram como evidentes crimes de guerra cometidos pelo Estado sionista. Diante disso, não restam dúvidas de que o povo palestino tenha direito de se defender, ainda que não concordamos com a estratégia do Hamas.

Ainda que buscando uma localização crítica, o que Lula faz é insistir em justificar as ações de Israel como resposta contra o Hamas. Considerando o poder militar de Israel, que conta com apoio e financiamento do imperialismo americano e por isso com um poderoso exército, não há simetria possível. Se trata de um massacre de Israel contra o povo palestino.

Apesar da mudança no discurso de Lula, que até então sequer mencionava Benjamin Netanyahu, segue assumindo o fundamental do que reproduz a mídia imperialista, de que Israel estaria apenas se defendendo. Termina tomando o lado de Israel, com quem mantém diversas relações econômicas, comerciais e inclusive de inteligência e "colaboração" militar. É por isso que não nomeia diretamente que estamos diante de um massacre, de mais um episódio sangrento da limpeza étnica que Israel vem produzindo há décadas, roubando o território palestino e assassinando friamente sua população..

O caminho apontado pelo governo brasileiro de, através da diplomacia, buscar acordos de cessar-fogo ou mesmo a chamada “paz humanitária”, não é capaz de responder à barbárie vivida pelo povo palestino. Ainda que fosse colocada em prática qualquer uma dessas propostas, a própria manutenção do Estado de Israel segue como ameaça permanente ao povo palestino. Uma resposta de fundo só poderá vir pelas mãos da própria classe trabalhadora palestina, em aliança com os trabalhadores antissionistas de Israel e os povos explorados e oprimidos do mundo todo contra a brutalidade de Israel e do imperialismo americano.

Mesmo que o presidente Lula busque se mostrar comovido com os números chocantes de mulheres e crianças assassinadas por Israel na Palestina, é preciso destacar que sua prática não condiz com essa comoção: a manutenção de acordos de colaboração com Israel significa que segue contribuindo com recursos públicos ao massacre em curso, que já destruiu quase metade das residências de Gaza e que tem como vítimas prioritárias mulheres e crianças.

As 125 crianças assassinadas por dia na Palestina também contam com armamento e tecnologia produzida em colaboração com o Brasil, com universidades brasileiras, como a UFRGS, estabelecendo relações com empresas bélicas do Estado sionista. Além disso, em outubro deste ano a Câmara dos deputados aprovou três novos acordos de cooperação entre Brasil e Israel, sendo um deles justamente na área de "segurança", ou seja, no que diz respeito à repressão.

A Polícia Federal brasileira também estabelece relações de cooperação com a Mossad, serviço de inteligência do Estado de Israel, conhecido por realizar operações secretas e de espionagem. Assim, essa força especializada de repressão tem possibilidade de atuar no Brasil para reprimir ativistas palestinos em território nacional e fazer valer os interesses de seu próprio Estado genocida.

São essas e outras relações que explicam a postura de Lula em relação às mais de 10 mil mortes produzidas pelo sionismo na Palestina, com bombardeios atingindo uma ampla maioria de civis. Como presidente temporário do Conselho de Segurança da ONU, o Brasil atuou buscando uma falsa neutralidade que se mostrou totalmente incapaz de responder à situação e assim termina por ser parte de garantir os interesses do imperialismo, reafirmando a impotência das Nações Unidas frente ao massacre.

É preciso seguir o exemplo das massivas ações de solidariedade internacional que se desenvolvem em diversos países. No último final de semana milhões foram às ruas em Londres, na França, nos Estados Unidos e em outras partes do mundo, assim como se manifestaram em jogos de futebol, shows, e nos locais de trabalho, com casos inclusive de bloqueio de cargas que iriam a Israel. Essa força, combinada com a força da classe trabalhadora palestina e aliada aos judeus antissionistas é o que pode fazer frente ao massacre.

Denunciando o genocídio e demonstrando que o povo palestino não está sozinho, é preciso massificar no Brasil as manifestações que já vem ocorrendo, exigindo também que os sindicatos, centrais sindicais e entidades estudantis tomem em suas mãos a luta em defesa do povo palestino e contra o Estado sionista de Israel. É preciso exigir a ruptura imediata de todas as relações entre Brasil e Israel, o que só pode ser imposto com uma forte luta de nossa classe em todo o país.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias