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Estados Unidos | Mais de 500 funcionários de Biden assinam cartas contra o apoio ao massacre de Israel à Gaza

As divisões foram tornadas públicas em cartas que continuam a crescer em assinaturas, enquanto foram divulgadas pesquisas que mostram um declínio acentuado no apoio da população à política de Biden de apoio ao Estado de Israel.

quinta-feira 16 de novembro de 2023 | Edição do dia

Mais de 500 funcionários de cerca de 40 agências governamentais enviaram uma carta ao presidente Biden na terça-feira protestando contra o seu apoio a Israel na guerra em Gaza.

Esta é, por hora, a última das várias cartas da administração governamental dos EUA, incluindo três memorandos dirigidos ao secretário de Estado Antony Blinken e uma carta aberta, com mais de 1.000 assinaturas de funcionários da Agência Internacional de Desenvolvimento dos Estados Unidos (USAID).

A carta das agências governamentais - tal como as outras - que faz parte do crescente desacordo interno sobre o apoio da administração à guerra, apela ao presidente para que procure um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza e pressione Israel para permitir a entrada de ajuda humanitária no território.

Veja também: Carta aberta aos trabalhadores da saúde palestinos dos trabalhadores da saúde de Nova York

Duas autoridades políticas que ajudaram a organizar a carta a Biden disseram que a maioria dos signatários são autoridades políticas de vários ramos que trabalham em todo o governo, desde o Conselho de Segurança Nacional ao FBI e ao Departamento de Justiça.

Biden e Blinken opõem-se a um “cessar-fogo” – uma suspensão de longo prazo dos combates geralmente acompanhada de negociações políticas – argumentando que isso permitiria ao Hamas reconstruir-se para futuros ataques. Em vez disso, pediram “pausas”, breves interrupções nos combates que podem durar algumas horas, para permitir missões humanitárias, onde as mesmas organizações não governamentais têm declarado que 4 horas é pouco para a transferência da população do norte da Faixa de Gaza ao sul e poder levar algum tipo de alívio à população daquele território.

As autoridades dos EUA dizem que fizeram mais do que qualquer outro país para garantir que pelo menos alguma ajuda chegasse a Gaza. Contudo, o apoio público dos EUA à guerra de Israel em Gaza está diminuindo e a maioria dos americanos pensa que Israel deveria pedir um cessar-fogo num conflito que se tornou uma crise humanitária. Isto foi revelado numa nova pesquisa da Reuters/Ipsos.

De acordo com ela, realizada no início desta semana, cerca de 68% dos entrevistados disseram concordar que “Israel deveria convocar um cessar-fogo e tentar negociar”.
Cerca de 32% disseram que “os Estados Unidos deveriam apoiar Israel” quando questionados sobre qual o papel que os Estados Unidos deveriam assumir nos combates. Este número foi inferior aos 41% que disseram que os Estados Unidos deveriam apoiar Israel na pesquisa realizada entre 12 e 13 de outubro.

O estudo revela que a população que acredita que “os Estados Unidos deveriam ser um mediador neutro” aumentou de 27% para 39%. 4% dos entrevistados disseram que os Estados Unidos deveriam apoiar os palestinos e 15 % disseram que os Estados Unidos não deveriam se envolver de forma alguma, ambos índices semelhantes às de um mês atrás.

Israel conta há muito tempo – desde a sua criação em 1948 e especialmente depois da Guerra do Yom Kippur em 1967 – com os Estados Unidos, o seu principal e mais poderoso aliado, para obter bilhões de dólares por ano em ajuda militar e apoio diplomático internacional. Uma erosão do apoio público americano poderia ser um sinal preocupante para o próprio Estado israelita e, em particular, para o seu primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Mas também para Biden, faltando 1 ano para as próximas eleições nos EUA.

A queda no apoio aos Estados Unidos, observada na nova pesquisa entre Democratas e Republicanos e especialmente entre os entrevistados mais velhos, ocorre após semanas de intensos bombardeios israelenses e imagens horríveis de Gaza sob os escombros, agora devemos acrescentar ataques brutais a hospitais, como é o caso do complexo hospitalar al-Shifa.

Desde que começou esta guerra (podemos chamá-la, sem risco de erro, de um verdadeiro castigo coletivo), que começou após a incursão e os ataques do Hamas aos kibutz e a uma festa com centenas de jovens - pessoas que não tinham qualquer relação com qualquer tarefa do exército, exceto os soldados presentes -, já são mais de 11.500 palestinos mortos pelas bombas ou estilhaços do exército israelense. Cerca de 40% deles são crianças.

A crise de Gaza provocou um protesto internacional que se concentrou nos últimos dias no colapso da infra-estrutura médica. Médicos e funcionários do hospital al-Shifa cavaram uma vala comum na terça-feira para enterrar pacientes que morreram durante o cerco israelense.

Cerca de 68% dos entrevistados pela Reuters/Ipsos disseram concordar com a afirmação de que “Israel deveria pedir um cessar-fogo e tentar negociar”.
Cerca de três quartos dos democratas e metade dos republicanos na pesquisa apoiaram a ideia de um cessar-fogo, colocando-os em desacordo com o presidente democrata Joe Biden, que rejeitou os apelos dos líderes árabes, incluindo os palestinos, para pressionar Israel a assinar um acordo de cessar-fogo.

O próprio Biden limitou-se, no dia anterior ao ataque ao hospital al-Shifa, a pedir contenção por parte dos civis do hospital. Parece cínico considerando que John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional do presidente dos EUA, disse que o hospital “tem armas armazenadas lá e está preparado para responder a uma operação militar israelita contra aquela instalação”, confirmando o apoio da administração dos EUA ao ataque.

Até agora, Israel rejeitou qualquer conversa sobre a implementação de pausas mais longas ou um cessar-fogo, dizendo que o Hamas apenas usaria esse tempo para se reagrupar e endurecer as suas posições.

Num sinal potencialmente preocupante para Israel, apenas 31% dos entrevistados disseram apoiar o envio de armas para Israel, enquanto 43% se opuseram à ideia. O resto disse que não tinha certeza. O apoio ao envio de armas para Israel foi maior entre os republicanos, enquanto cerca de metade dos democratas se opôs.

Embora a maioria dos democratas moderados no Congresso apoiem há muito tempo a assistência militar a Israel, alguns progressistas do próprio partido de Biden começaram a questionar se deveria haver um maior escrutínio, bem como as condições associadas a essa ajuda.

Autoridades norte-americanas alertaram que o financiamento para ajuda militar à Ucrânia está a esgotar-se, à medida que a Câmara, controlada pelos republicanos, e o Senado, de maioria democrata, continuam em desacordo sobre o pedido da administração Biden de mais milhares de milhões de dólares em assistência a Kiev.




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