Rosângela Sibele, mãe de 5 filhos, teve sua prisão revogada após comoção e indignação pelo caso expressas nas redes sociais
sexta-feira 15 de outubro de 2021 | Edição do dia
Moradora de Paraisópolis mostra panela vazia durante protesto em São Paulo na segunda-feira (5) — Foto: André Penner/AP Photo
Rosângela Sibele, 41 anos, ao deixar a prisão após ser detida por ter furtado R$21,69 em comida disse em entrevista ao Brasil Urgente:
"Meu grande sonho é ser gente. Eu ainda não sei o que é isso, não sei o que é ser mãe, filha, irmã", declarou.
Rosângela é uma pessoa que se encontra em situação de rua, assim como milhões de brasileiros que, ainda mais com a crise, não conseguem pagar um aluguel para si e sua família. Disse que atualmente está sendo acompanhada pelo CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) pois é dependente química, frequentando também o NA (Narcóticos Anônimos).
"Quero conversar com a minha mãe, abraçar meus filhos, explicar isso. Quero pedir perdão a minha família", e segue "Entendi o que eu estava fazendo com minha família. Ninguém tem a obrigação de cuidar dos meus filhos, eu tenho. Porque fiz isso com elas? Quero pedir perdão e ir para uma clínica".
A prisão de Rosângela foi revogada pelo ministro Joel Ilan Parcionik do Superior Tribunal de Justiça na quarta-feira, 13, após comoção nas redes sociais, já que inicialmente a sua soltura havia sido negada em primeira instância pelo Justiça paulista e pelo Tribunal de Justiça do Estado. Ela contou que mexeu em um miojo e em um suco, e chegou a colocar em uma sacola um leite condensado e uma Coca-Cola de 600 ml, e na hora que estava saindo foi abordada por uma funcionária do estabelecimento chamando a atenção de uma viatura, que também já havia sido acionada pela funcionária.
Diante da situação, Rosângela jogou os alimentos no chão e saiu correndo "Fiquei com medo de ser presa. Eu estava com fome, enfatizei que estava com fome" e continua "Eu não queria, não estou acostumada, não queria fazer. Eu só estava com muita fome, queria muito comer um miojo, estava doida pra tomar um leite condensado e um refrigerante gelado. Não tenho dinheiro pra isso", conta Rosângela que até então catava recicláveis para sobreviver.
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