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Inflação, escassez e ajuste do FMI | Milhares de manifestantes tomam a residência do presidente no Sri Lanka

Em meio à escassez de combustível, inflação crescente, militarização das cidades e exigências de mais ajustes para fechar um acordo com o FMI, novos protestos eclodiram na capital do Sri Lanka. Os manifestantes tomaram a residência do presidente e do primeiro-ministro. O primeiro-ministro renunciou

Juan Andrés GallardoBuenos Aires | @juanagallardo1

sábado 9 de julho de 2022 | Edição do dia

Milhares de manifestantes furiosos entraram na residência oficial do presidente do Sri Lanka Gotabaya Rajapaksa, na capital Colombo, no sábado, durante um dia de protestos maciços para exigir a renúncia do presidente por sua gestão da crise econômica.

Os manifestantes quebraram o perímetro de segurança em torno da residência oficial de Rajapaksa no coração de Colombo, enquanto a polícia usou gás lacrimogêneo para impedir a entrada. O jornal cingalês Ada Derana afirmou que o presidente já havia deixado a área. Alguns manifestantes compartilharam vídeos ao vivo dentro da residência do presidente, mostrando centenas de pessoas cantando palavras de ordem em corredores e quartos, nadando em sua piscina ou deitadas em sua cama.

Diante desta situação, o primeiro-ministro, Ranil Wickremesinghe renunciou, anunciando a formação de um Governo de unidade nacional, procurando assim colocar panos frios e evitar que quem caia seja o presidente.

A tensão e o descontentamento aumentaram na ilha no final de março, quando as autoridades impuseram cortes de energia de mais de 13 horas, o que levou a população a sair às ruas para exigir a demissão do Executivo. Há um grande aumento da inflação, que afeta particularmente os setores mais empobrecidos, e escassez de combustível. Desde então, centenas de manifestantes se instalaram nas proximidades da Secretaria Presidencial em Colombo e os protestos em toda a nação insular tornaram-se comuns e cada vez mais reprimidos. Além dessa crise, há a exigência do FMI de um duro ajuste a ser aplicado.

Leia mais: A crise no Sri Lanka mostra as consequências da pandemia e da guerra na Ucrânia

Vários analistas apontam que esse acordo incluiria reformas estruturais drásticas e de longo alcance. Entre eles, um amplo corte no déficit fiscal, ou seja, um ajuste nos gastos do Estado, a eliminação do duopólio no setor energético, o fim das restrições às importações, o aumento dos impostos indiretos e a privatização ou venda de empresas estatais. Esse pacote de ajustes só vai aprofundar a crise que já se arrasta e vai aumentar os protestos que já estão colocando o governo em xeque e desnudando os acordos das diferentes facções parlamentares.

Enquanto isso, as mobilizações continuam e são a expressão de um fenômeno mundial de crise e alta inflação que está causando greves de trabalhadores por salários mais altos em países europeus e nos EUA, rebeliões e levantes daqueles que dependem mais diretamente de suprimentos básicos, como trigo e combustível, afetados pela guerra na Ucrânia, e que têm um impacto direto na população. O Sri Lanka é o caso mais explosivo de uma série de protestos e rebeliões que começam a ser vistos em diferentes latitudes e países tão diferentes quanto Equador ou Irã.




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