×

Declaração do Quilombo Vermelho | No 20N vamos às ruas pela ruptura das relações Brasil-Israel e contra a cooperação para intervir no Haiti! Chega de chacinas!

Neste 20 de novembro chamamos a ir às ruas pelo fim da violência policial racista e a levantarmos a bandeira em defesa da Palestina, contra o genocídio racista promovido pela Estado de Israel. É preciso lutar pela ruptura das relações entre Brasil e Israel e pelo fim da cooperação do governo brasileiro para a nova intervenção que vai reprimir no Haiti. Esse seria um forte exemplo de internacionalismo e solidariedade com os povos explorados e oprimidos palestinos e haitianos. Retomar a história e as lições de Zumbi e do Quilombo dos Palmares é retomar a luta dos que se enfrentaram com o sistema colonial e escravista sem conciliação. Veja declaração do Quilombo Vermelho - luta negra anticapitalista rumo ao 20 de novembro.

terça-feira 14 de novembro de 2023 | Edição do dia

Estamos diante de mais um 20 de novembro, dia em que tradicionalmente acontecem manifestações em diversas cidades no país reivindicando a história do Quilombo dos Palmares e denunciando a persistência do racismo. Depois de 4 anos do governo abertamente racista de Bolsonaro, que saudava as ações das polícias contra os negros e proferia discursos de ódio à identidade negra, esse ano vimos como as chacinas e a violência policial racista fizeram mais uma vez jovens e crianças negras vítimas da repressão do Estado capitalista.

Em São Paulo, governado pelo bolsonarista e privatista Tarcísio, vimos a polícia lavando de sangue negro a baixada santista, no Rio de Janeiro Cláudio Castro ordenou assassinatos brutais que já mataram 10 crianças só este ano. A Bahia, governada pelo petista Jerônimo Rodrigues, é estado líder no assassinato de jovens negros, onde Mãe Bernadete foi assassinada com 22 tiros. Um exemplo de como a conciliação de classes só fortalece a extrema direita e nada tem a oferecer aos negros, maioria da população brasileira.

Está em curso um verdadeiro massacre na Palestina com mais de 10 mil mortos com justificativas racistas como de Yoav Gallant, ministro da Defesa de Tel Aviv que qualificou os palestinos como “animais humanos”. Se vimos expressões similares nos livros de história em relação a como os negros e negras eram vistos para justificar a escravidão, em nossa época estamos diante dos que querem fazer um genocídio palestino em nome dos interesses imperialistas. Mas nossa geração não pode ser marcada por aqueles que viram a limpeza étnica da Palestina, mas sim dos que no mundo inteiro se levantaram contra o colonialismo e o Imperialismo, faces do sistema capitalista. As fortes manifestações no Oriente Médio, na Inglaterra, França, EUA, no Egito, na Bélgica, na Escócia, na Espanha, mostram o caminho dos que estão ao lado dos palestinos contra a opressão colonial a que são submetidos.

O governo brasileiro, apenas agora, depois de mais de um mês de massacre israelense, se dispôs a algo tão elementar quanto criticar nominalmente Israel, dizendo que “o comportamento de Israel é igual ao terrorismo”, mas ao mesmo tempo mantém diversas relações com a burguesia sionista se recusando a romper relações diplomáticas, militares, econômicas com esse Estado assassino, mantém inclusive todos os acordos firmados por Bolsonaro com Israel em 2019. Parte das armas e dos caveirões da polícia brasileira tem sua origem em Israel e servem para assassinar jovens e crianças negras no Rio de Janeiro. É preciso defender o fim dos bombardeios e o fim de todas essas relações com Israel.

Essa política de submissão ao Imperialismo também se mostrou quando Lula votou favorável a nova intervenção da ONU no Haiti e vai cooperar com o treinamento de policiais haitianos, isso depois dos governos anteriores do PT, com o próprio Lula à frente, já terem protagonizado a criminosa MINUSTAH, uma política de intervenção no Haiti que aprofundou a opressão do povo haitiano com assassinatos e estupros e aprimorou a repressão dos militares aos negros e negras, enquanto no Brasil crescia exponencialmente o encarceramento dos jovens negros.

Não à toa militares como o bolsonarista Tarcísio foi parte da liderança dessa vergonhosa intervenção assassina junto a ninguém menos que o general Augusto Heleno, braço direito de Bolsonaro, que em 2005 oprimia a mando de Lula e do imperialismo o povo que realizou a primeira revolução negra e escrava da história da humanidade. Foram os militares da Minustah os mesmos que comandaram depois a intervenção na República Democrática do Congo e a intervenção federal no Rio de Janeiro, deixando um rastro de sangue nesse mesmo estado em que Marielle Franco foi assassinada barbaramente.

Com os ministérios de Silvio de Almeida, Anielle Franco e Sônia Guajajara o governo Lula-Alckmin entrou na presidência fazendo um discurso contra o racismo e em defesa dos povos indígenas, mostrando as diferenças que tem com o bolsonarismo que odeia profundamente os negros e qualquer expressão de nossa identidade. Poucos meses depois esse governo estava exportando munições para auxiliar o governo golpista de Dina Boluarte a massacrar a revolta dos povos quechua e aimarás no Peru que deixou dezenas de mortos.

Uma das várias amostras de como não há conciliação possível entre governar com a burguesia internacional e nacional da Fiesp, Alckmin, PP, Republicanos e as demandas dos povos originários e dos negros e negras, maioria da população, e da classe trabalhadora no Brasil. Essa política ministerial da questão negra a cada dia vem demonstrando sua falência, ela se liga ao anseio dos negros e negras de se verem representados num país como o Brasil que relega aos negros os piores postos de trabalho e condições de vida, mas não há como representar as massas negras por dentro do Estado capitalista e de um governo de frente ampla com a burguesia herdeira da escravidão, por isso também “uma mulher negra no STF”, essa instituição profundamente racista e que mantém milhares encarcerados, não será uma saída para as negras e negros.

As reformas que atingem fortemente a população trabalhadora e negra como o imigrante congolês Moïse que foi uma vítima da reforma trabalhista e do racismo, seguiram intactas e servem para aprofundar o trabalho precário e sem direitos da terceirização. Além disso o governo aprovou um novo arcabouço fiscal, um teto de gastos para destinar o orçamento público aos banqueiros e tirar dos investimentos públicos, um mecanismo que abre mais espaço as privatizações e à terceirização que o próprio governo fez no metrô em Belo Horizonte e está fazendo com o aumento dos benefícios para privatizar presídios, como aconteceu no Rio Grande do Sul em parceria com o governo de Eduardo Leite, ou seja, serão lucros exorbitantes para empresas gerirem o encarceramento da juventude negra que acontece com o falso discurso de guerra às drogas.

Assine o manifesto contra a terceirização e a precarização do trabalho impulsionado por intelectuais, juristas, parlamentares e entidades acadêmicas e de representação de trabalhadores(as).

Uma política de ataques que se expressa com ainda mais força em SP com o bolsonarista Tarcísio que quer fazer um ataque histórico e privatizar Metrô, CPTM e Sabesp. Se as massas negras são as que mais sofrem com a precariedade do transporte, com horas por dia para chegar ao trabalho, com o trabalho precário e terceirizado, e sem saneamento básico, o que significará com esses serviços privatizados?

Portanto, esse 20 de Novembro poderia ser uma oportunidade para fortalecer nossa mobilização. Em SP poderia se somar aos que lutam contra a privatização e as demissões que vão paralisar dia 28 com a greve do funcionalismo contra Tarcísio, assim como os que estão lutando em MG contra o regime de recuperação fiscal de Zema e em outros estados. E assim ser um ponto de apoio na construção do chamado internacional de diversas organizações para fazer do dia 25 de novembro um dia internacional da luta contra a violência às mulheres e crianças Palestinas. Porém, a política do PT e PcdoB que estão à frente das centrais sindicais e também são parte das direções do movimento negro é não convocar massivamente os atos do dia 20, porque querem preservar o governo e não tem nenhuma perspectiva de organização das negras e negros junto aos trabalhadores.

Confiam mais no governo que tem ministério do Republicanos do que nas negras e negras organizados que podem carregar o legado de Zumbi dos Palmares. Nós do Quilombo Vermelho estamos sendo parte das convocações e organização para os atos no 20N, e fazemos isso exigindo que as centrais sindicais convoquem as manifestações em cada local de trabalho e estudo e que possam levantar as bandeiras contra a violência policial, em defesa da Palestina e pela ruptura das relações do Brasil com Israel e da cooperação do Brasil para a nova intervenção no Haiti. Bandeiras que infelizmente não estão sendo levantadas pela esquerda que hoje é parte do governo, como o PSOL e Boulos, mas que são elementares para construirmos uma esquerda realmente anti-imperialista e com independência de classe no Brasil.

Em Belo Horizonte, a partir da proposta que fizemos como Quilombo Vermelho se aprovou que o ato do 20 de novembro levará como pauta a defesa da Palestina e o rechaço à intervenção da ONU no Haiti. É um exemplo a ser seguido em outros lugares, também mostrando o papel do governo brasileiro em sustentar essa política que massacra o povo palestino e o povo negro no Haiti e exigindo a ruptura.

Chamamos todos a recuperar o legado inconciliável de Zumbi dos Palmares que sempre se enfrentou com os que mantiveram a brutalidade de 400 anos de escravidão no Brasil, fazemos isso desde uma perspectiva marxista e internacionalista da classe trabalhadora levantando a bandeira por uma Palestina livre, operária e socialista e dizendo que não vamos aceitar a exploração e opressão aos nossos irmãos haitianos, junto com nos levantarmos contra toda violência policial que chacina a juventude negra no Brasil. Chamamos todos que compartilham com essas ideias a marchar com o Quilombo Vermelho - luta negra anticapitalista neste 20 de novembro e a construir uma forte campanha contra o massacre do Estado de Israel na Palestina!




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias