×

Pernambuco | No carnaval do Recife, a cultura popular pernambucana foi escanteada enquanto as empresas lucraram muito

Surgem inúmeras denúncias de como artistas locais e da cultura popular tiveram muito menos atenção e infraestrutura no carnaval da cidade (ou até mesmo foram diretamente recusados), os caches de muitos artistas ficaram na mão de grandes empresas sem nenhuma transparência.

sexta-feira 23 de fevereiro | Edição do dia

O Carnaval é na capital de Pernambuco, mas a cultura popular pernambucana fica de fora. Vendido como “o maior carnaval da história” e feito de palanque para o prefeito João Campos em sua tentativa de reeleição, com vários artistas fazendo abertamente propaganda no palco, várias denúncias ocorriam nos bastidores.

Desde antes do carnaval, já abundavam denúncias e relatos de como os processos de seleção não eram claros e como muitos artistas locais não foram selecionados. Enquanto isso, a prefeitura gastava rios de dinheiros com outras atrações sem nenhuma transparência: muitos dos artistas foram contratados por uma empresa privada, licitada apenas para fazer esse intermédio, e que não teve nem a exigência de publicar os dados dos gastos. Portanto, enquanto o prefeito João Campos fazia toda sua demagogia com o “nevou”, a repressão ao carnaval nas periferias seguia, ao mesmo tempo que grandes empresários lucravam em base ao dinheiro público.

No entanto, mesmo para os artistas que furavam as barreiras do edital, as dificuldades seguiam. Nos palcos, o tempo designado à cultura popular era pouco, apenas no espaço dedicado à “Matriz da Cultura Popular”, onde muitos vezes vários artistas tinham que dividir o pouco tempo dado a eles. Como denunciado por Mae Beth de Oxum, o espaço destinado à cultura popular no polo Lagoa do Araçá – algo que também se repetiu em outros polos – era no chão, com poucos microfones, “sem acesso a estrutura de camarins, banheiros e até mesmo água”.

Já o desfile das agremiações de Maracatu, tradição ancestral do estado, que remonta aos tempos de resistência e luta contra a escravidão, também contou com vários problemas. A única estrutura de som era um microfone sem fio cujo alcance não chegava ao fim da passarela.

Todas essas denúncias deixam claro como toda a demagogia de João Campos com o Carnaval da cidade se dão em base ao enriquecimento de empresários e ao descaso com a cultura popular do estado. Cultura popular que historicamente é responsável por criar e manter essa enorme festa que é o carnaval. E ao mesmo tempo que ele “nevava” para simbolizar seu suposto respeito à periferia, os blocos nesses locais eram reprimidos e o carnaval servia de base para testar o sistema racista de reconhecimento facial, que atinge vários inocentes, preferencialmente negros de periferia.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias