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Escandaloso | Patronal de Bento culpa os pobres e “sistema assistencialista” pela situação análoga à escravidão

Nota da patronal de Bento Gonçalves (RS) é escandalosa. Eles tiveram a pachorra de culpar os pobres que precisam de Bolsa Família e o "sistema assistencialista" pela situação dramática de trabalho análogo à escravidão nas vinícolas bilionárias. A Aurora? Garibaldi? Salton? Os policiais espancadores? Os feitores torturadores? A terceirizada que aliciou os trabalhadores com promessas falsas? Bem capaz! Para a patronal de Bento, a culpa é dos pobres desse país.

terça-feira 28 de fevereiro de 2023 | Edição do dia
Foto: fachada da Casa Grande da vinícola Salton, no Rio Grande do Sul, uma das empresas que lucrou com o trabalho análogo à escravidão

A nota repugnante da CIC (Centro da Indústria e Comércio de Bento Gonçalves), que pode ser lida na íntegra aqui, diz: “Situações como esta, infelizmente, estão também relacionadas a um problema que há muito tempo vem sendo enfatizado: a falta de mão de obra. Há uma larga parcela da população com plenas condições produtivas e que, mesmo assim, encontra-se inativa, sobrevivendo através de um sistema assistencialista que nada tem de salutar para a sociedade” (grifo nosso). Antes dessa parte, a nota defendeu abertamente a "idoneidade" do "setor vinícola".

Não bastasse o flagrante crime contra os direitos humanos, a patronal de Bento teve a pachorra de defender as vinícolas e culpar os próprios pobres pela situação bárbara a que os patrões os submetiam (!!). Os patrões? Os policiais contratados que espancavam? A empresa terceirizada que aliciava os trabalhadores com promessas falsas? As vinícolas bilionárias que lucram horrores? Os capatazes que torturavam os trabalhadores? Bem capaz! A culpa dessa situação é do Bolsa Família e do Auxílio Emergencial! Daqui a pouco vão culpar o 13º e as férias pelos choques que os feitores davam nos trabalhadores. CLT é porrada e salário é ameaça de morte.

Foram 208 trabalhadores, em sua maioria negros e oriundos da Bahia, encontrados em situação análoga à escravidão em uma empresa que fornecia serviços terceirizados às gigantes vinícolas Aurora, Garibaldi e Salton. As denúncias são bárbaras e remetem à escravidão: choques elétricos, espancamentos, ameaças de morte, alojamentos sujos, jornadas exaustivas…

O pano de fundo desse horror é composto por uma xenofobia cruel e um racismo assassino. A burguesia quer extrair a maior quantidade de lucros possíveis sobre o sangue e suor desses trabalhadores. Como apontamos em outra nota: "É absurdo e revoltante nos depararmos com esse tipo de situação de exploração e humilhação de trabalhadores, que entretanto é comum no Brasil afora. Como se já não bastasse todos os ataques contra os trabalhadores, como a Reforma Trabalhista e a terceirização irrestrita que precarizam os postos de trabalho a níveis de semi-escravidão. . Escravidão e sofrimento dos trabalhadores é o plano desta patronal do campo e da cidade, por isso é necessária expropriação dos bens desses nefastos empresários, colocando sob controle desses trabalhadores."




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