Os terminais e refinarias de Israel são um dos principais destinos das exportações de petróleo cru da Petrobras. Nos últimos cinco anos a Petrobras, sozinha, respondeu por mais de 2 meses de todo o petróleo consumido por Israel. Uma parte do lucro, arrancado do solo brasileiro para ser entregue aos acionistas privados da Petrobras, movimenta a sanguinária máquina de guerra de Israel, como mostraremos neste artigo utilizando dados inéditos obtidos através da Lei de Acesso à Informação.
terça-feira 26 de dezembro de 2023 | Edição do dia
O Estado de Israel pratica um genocídio contra o povo palestino. Esse massacre iniciou há mais de 75 anos e tem seu apogeu com bombardeio de ambulâncias e hospitais na presente guerra. Há uma contínua política colonialista de Israel, expandindo território e expulsando os palestinos, como denunciado até mesmo por intelectuais israelenses como Ilan Pappé. Trata-se de uma violência que sistematicamente desrespeita resoluções da ONU, que são repetidamente reescritas para favorecer Israel que volta a desrespeitá-las, em um projeto que é denunciado por muitos como sendo um apartheid, como se pronuncia, por exemplo, o governo da África do Sul. Importante frisar que neste artigo criticamos um Estado e uma política racista e expansionista conhecida como “sionismo” e não um povo, e menos ainda uma religião de parte destes.
Para exemplificar esse expansionismo colonialista, vale chamar o leitor a refletir sobre o mapa da expansão de Israel nas últimas décadas. (Caso o leitor queira se aprofundar no tema sugerimos a assistir o curso virtual do Esquerda Diário)
Países que mantêm tantos equipamentos militares, e particularmente tantos caças de guerra, consomem muitíssimo diesel e querosene ou gasolina de aviação. O pequeno enclave militar e colonial tem duas refinarias, com uma capacidade de processamento combinada de 297mil barris/dia. Apesar desta capacidade, o consumo diário médio é de 232mil barris/dia.
Pois bem, através da Lei de Acesso da Informação, e o processo 48023.003733/2023-69, disponível a qualquer cidadão no site “Fala BR” da Controladoria Geral da União o Esquerda Diário obteve acesso ao volume, produto e país de destino das exportações da Petrobras nos últimos 5 anos (2023 incluso). Neste processo fica claro que o que a Petrobras mais exporta é óleo cru totalizando US$66,96 bilhões de um total exportado neste período de US$ 87,693 bilhões. O principal destino, como qualquer pessoa poderia supor, é a China, porém chama atenção como Israel é o décimo maior destinatário da Petrobras em geral e, no caso de óleo cru, o nono, com um valor exportado em petróleo de US$1.103.249.068,20.
Considerando que o valor médio do petróleo Brent nos últimos cinco anos foi de US$71,56 por barril, e considerando o impraticável, da Petrobras ter conseguido vender a custo da referência internacional do Brent, a empresa exportou 15milhões, 329 mil e 291 barris para Israel, respondendo sozinha por pelo menos 66 dias de todo o consumo deste Estado. A participação brasileira, que pode ser muito maior inclusive, com re-exportações de outros destinos como a Holanda por exemplo, que é conhecida como um hub de re-exportações da Europa à Eurásia. O Brasil para além da Petrobras, através das múltiplas empresas privadas que crescentemente detém mais do pré-sal pode ajudar (e lucrar muito mais) deste negócio sangrento.
Evidentemente só uma parcela do consumo de petróleo de Israel é diretamente militar, mas não se pode abstrair como o Estado de Israel, e sua burguesia sionista lucram e se financiam com o expansionismo racista de seu território, tendo cada vez mais uma proporção maior de habitantes em “colônias” em territórios recém arrancados dos Palestinos, medidas em últimas instâncias sempre apoiadas pelos imperialismos dos EUA e da Europa. E não se pode esquecer que enquanto Israel e suas petroleiras compram petróleo brasileiro, do azerbeijão e outros países, segue asfixiando Gaza que não tem eletricidade nem combustível para geradores de hospitais.
Mundialmente há campanhas de boicote a empresas que lucram com esse Estado que tem as mãos sujas de sangue, algumas destas campanhas são conhecidas através da campanha BDS (boicote, desinvestimento e sanções, em inglês). Além disso os sindicatos palestinos publicaram um apelo aos sindicatos do mundo para tomarem ações para impedir envios de armas a Israel, ação que encontrou eco em sindicatos da Itália e da Colômbia.
A Petrobras, empresa símbolo do Brasil, escancara a real política do governo Lula diante deste conflito. A pretensa neutralidade com direito a críticas ao genocídio de Israel é falsa. O Brasil de Lula mantém intactos todos acordos comerciais, militares e diplomáticos com Israel, a Petrobras, administrada pelo petista Prates, lucra e enriquece seus acionistas privados à custa da exploração dos recursos brasileiros, do suor dos petroleiros efetivos e terceirizados e lucrando com máquinas de guerra como a sionista.
Tal como devemos querer o fim das relações diplomáticas, comerciais, militares do Brasil com o Estado de Israel, também devemos querer mais nenhuma gota de petróleo da Petrobras para esse Estado colonialista e racista. Os sindicatos, particularmente aqueles que tem uma orientação independente do governo e da empresa, como são os da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), onde também estão os maiores terminais exportadores (Angra e São Sebastião), deveriam exigir da empresa que se saiba os destinos das exportações para que se possa mobilizar contra essa ajuda a esse estado racista.
Sabendo para onde ocorrem as exportações seria possível aderir ao apelo internacional dos sindicatos palestinos em uma campanha de boicote à máquina de guerra de Israel, condição necessária, para a luta por um estado onde possam conviver palestinos e judeus e cristãos, o que para o Esquerda Diário é inseparável do direito ao retorno dos refugiados, o combate à burguesia sionista, burguesias árabes e suas direções teocráticas, o que só seria possível em uma Palestina, operária e socialista.
