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ELEIÇÕES 2024 | Por uma alternativa de independência de classe nas eleições de São Paulo

Em meio aos ataques de Tarcísio e Nunes e processos de luta que tem marcado a situação em São Paulo, a reedição da política de frente ampla com Boulos e Marta - apoiadora ativa do golpe institucional, da reforma trabalhista e de tantos ataques contra nossa classe, inclusive os da gestão de Nunes, da qual ela foi parte desde o início - só pode repetir o mesmo resultado que a conciliação de classes está tendo nacionalmente no governo Lula-Alckmin: abrir caminho para o fortalecimento da extrema-direita. Nesse marco, fazemos um chamado à esquerda que se reivindica socialista e revolucionária a buscarmos apresentar uma alternativa unificada nessas eleições que fortaleça as lutas da nossa classe e a defesa de um programa de independência de classe.

segunda-feira 29 de janeiro | Edição do dia

Em São Paulo as trabalhadoras e trabalhadores, jovens e todes oprimidos vem enfrentando duros ataques do governo de extrema direita de Tarcísio, que na capital atua junto a Ricardo Nunes, candidato apoiado pelo bolsonarismo na eleição municipal deste ano. A privatização da SABESP foi aprovada pela ALESP no fim de 2023, e o mesmo projeto está avançando na CPTM e no Metrô. Na educação, professoras e professores, especialmente precarizados (“categoria O”), enfrentam o aprofundamento da precarização e a ameaça de demissão de dezenas de milhares de professores. E o governo se apoia em uma ofensiva repressiva, com demissões e centenas de punições contra metroviários, e medidas cada vez mais arbitrárias de criminalização, como contra os jovens presos a caminho das manifestações contra o aumento das passagens. É fundamental derrotar esses ataques e a extrema direita em São Paulo.

Por isso mesmo, é preciso dizer: Tarcísio tem se apoiado de forma determinante na política de conciliação do governo Lula. Exemplo disso é que Lula entregou o ministério de Portos e Aeroportos para um deputado do Republicanos, partido de Tarcísio, que declarou haver “sintonia” entre Lula e Tarcísio, justamente pelo acordo, anunciado no fim do ano, de repasse de R$10 bilhões do governo federal para projetos do governador paulista, incluindo as obras ligadas à privatização de linhas da CPTM e Metrô. E o avanço desses ataques é a aposta de Tarcísio para se fortalecer, inclusive eleitoralmente, como novo nome da extrema direita. Além, é claro, de também o partido de Nunes, o MDB, ser parte importante do governo Lula desde o início.

Por outro lado, importantes processos de luta de classes também têm marcado a situação em São Paulo, enfrentando e colocando limites ao avanço dos ataques, e inclusive ganhando apoio na opinião popular contra as privatizações, desgastando Tarcísio.

Em resumo: a política de conciliação de classes está fortalecendo a extrema direita; enquanto a luta de classes se comprova como o único caminho com potencial para derrotá-la.

É a mesma lição que está vindo com toda força da Argentina hoje. Com uma política similar, o governo de Alberto Fernández e Cristina Kirchner preparou o caminho para a ascensão de Javier Milei, que hoje busca aplicar um selvagem ajuste neoliberal, contando com a oposição colaboracionista, incluindo o peronismo. Centenas de milhares de trabalhadores, jovens e ativistas paralisaram o país neste 24J, mostrando o caminho que pode derrotar esses ataques.

Sendo assim, no cenário eleitoral em São Paulo, é preciso dizer claramente que a chapa de Boulos e Marta Suplicy só pretende e promete, e bem assumidamente, repetir e buscar aprofundar a política de conciliação de classes da frente ampla, que estamos vendo como não oferece nenhuma saída para a classe trabalhadora, nem um caminho para derrotar de fato a extrema direita. A decisão de Boulos de não dar apoio nem aparecer ligado de nenhuma forma aos processos de luta de classes é tão clara que já é tema da imprensa desde as greves do ano passado, como parte de uma estratégia assumida de Boulos e do PSOL de se afastar da imagem de “radicalidade” e das lutas, e se aproximar do “centro” político e do empresariado. Inclusive silenciando sobre o massacre dos palestinos em Gaza pelo Estado sionista de Israel. Não à toa Bill de Blasio, ex-prefeito de Nova Iorque e figura central do Partido Democrata, esteve pessoalmente expressando o apoio dessa ala dirigente do imperialismo americano à candidatura de Boulos. E não poderia haver expressão mais contundente da busca pelo “centro” e pela frente mais ampla possível do que a escolha da candidata a vice-prefeita Marta Suplicy, apoiadora ativa do golpe institucional de 2016, do governo Temer, da reforma trabalhista, e secretária da prefeitura do próprio Ricardo Nunes até o início deste mês. Mais uma vez: essa política de conciliação só pode abrir caminho ao fortalecimento dos ataques e da extrema direita, ainda mais porque vêm ao custo da política de contenção da luta de classes, que as burocracias sindicais já vêm levando adiante e que só tende a se aprofundar no ano eleitoral.

Frente a isso, o que precisamos nessas eleições municipais é de uma alternativa política de independência de classe, que apresente um programa da classe trabalhadora independente de qualquer setor da burguesia. Uma candidatura a serviço de impulsionar e fortalecer as lutas que a classe trabalhadora vem protagonizando em São Paulo, as lutas das mulheres, negras e negros, pessoas LGBTQIA+, da juventude, que são a força que realmente pode enfrentar e derrotar os ataques da extrema-direita e o bolsonarismo representado por Nunes, através da luta de classes .

Para fortalecer uma alternativa política independente nas eleições, é fundamental coordenar e unificar os setores da esquerda socialista e revolucionária que se colocam em defesa de uma posição de independência de classe. É preciso reconhecer que hoje essa posição é minoritária na esquerda, frente à posição do PSOL e de suas correntes internas subordinando absolutamente tudo ao objetivo de vencer as eleições com a chapa Boulos/Marta, e às ilusões que ela alimenta em setores da nossa classe e da juventude por uma saída por dentro desse regime degradado. Frente a isso, é ainda mais importante unificar a esquerda socialista e revolucionária em torno de uma candidatura eleitoral de modo a potencializar e aumentar a força de uma posição independente em contraposição à política de frente ampla e conciliação com os inimigos da nossa classe que vieram nos atacando.

Por isso, fazemos um chamado aos demais setores, partidos, correntes e ativistas políticos com quem construímos o Polo Socialista e Revolucionário em 2022, como o PSTU, a CST, referências políticas como o Prof. Plínio de Arruda Sampaio Jr., a debatermos o programa e a política para conformar uma frente eleitoral nessas eleições municipais que parta dessa posição de independência de classe, e do programa que já acumulamos no Polo Socialista e Revolucionário, em torno de uma candidatura unificada. Podemos buscar envolver novos setores de ativistas que compartilhem dessas posições políticas. Ao mesmo tempo, consideramos importante delimitar claramente que uma política assim não poderia incluir setores que não compartilham de uma posição e programa de independência de classe. Como a UP, defensora de um programa e estratégia de conciliação de classes, da frente-popular, ligada à burocracia sindical e que não é independente do governo Lula-Alckmin. E como o PCB, também da tradição stalinista, que não tem uma posição consequente de independência e oposição ao governo Lula, no movimento operário se subordina à burocracia sindical, e defende internacionalmente uma “multipolaridade” como se Rússia e China fossem “benéficas” aos trabalhadores. A necessidade colocada para nossa classe, e que a esquerda socialista e revolucionária está chamada a responder, é a de fortalecer um programa realmente independente.

Fazemos esse chamado apostando que uma política unificada assim pode servir para usar o espaço das eleições para potencializar a defesa de uma saída para nossa classe através do caminho da luta de classes, como a classe trabalhadora argentina está apontando como exemplo de qual é o caminho que pode enfrentar de verdade a extrema direita. Nos apoiemos nesse processo vivo e em curso - do qual nos orgulhamos de participar ativamente com nosso partido irmão, o PTS, impulsionando a luta e batalhando pela frente única operária, contra a linha de contenção da burocracia sindical, a partir de locais de trabalho e estudo em todo o país e de uma atuação parlamentar como parte da FIT-U a serviço de impulsionar a mobilização independente dos trabalhadores -, que pode ser um sopro de força para a classe trabalhadora e todos os explorados e oprimidos em nosso país.




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