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Rio Grande do Norte | Álvaro Dias e empresários organizam assédio eleitoral pró-Bolsonaro em Natal

Álvaro Dias (PSDB), prefeito de Natal, organizou um encontro fechado com empresários na quinta (20), em um hotel da zona Sul de Natal, para articular assédio eleitoral patronal a favor da reeleição de Jair Bolsonaro (PL).

segunda-feira 24 de outubro de 2022 | Edição do dia

Foto: Agência Saiba Mais

Entre os presentes estavam integrantes do primeiro escalão do governo Álvaro Dias, como o secretário de turismo Fernando Fernandes, o vereador Kleber Fernandes (PSDB) e o Coronel Hélio Oliveira, assim como o secretário de infraestrutura, Carlson Gomes.

Segundo a Agência Saiba Mais, os empresários deram dicas de como enganar o Ministério Público do Trabalho e debocharam da impunidade caso fossem flagrados e presos. Álvaro Dias falou sobre os "benefícios" trazidos pelo novo Plano Diretor, que na realidade significa a verticalização da orla, destruindo o meio ambiente e passando por cima das casas dos moradores em prol do turismo, as "ajudas" do Governo Federal à cidade e o seu apoio ao reacionário senador eleito e aliado de Bolsonaro Rogério Marinho (PL), que não participou do evento.

"Eu disse aqui em Natal, nas reuniões com secretários, com cargos de confiança, nas reuniões nos bairros, nos comícios onde eu fui, eu disse: ‘olha, o candidato não é Rogério Marinho. O candidato a senador aqui em Natal sou eu. Vocês vão votar não em Rogério, vão votar no prefeito da cidade. Vocês me ajudem, porque Álvaro Dias no Senado Federal, Natal tem muito a lucrar com isso, a avançar, caminhar em direção ao futuro’", disse Álvaro Dias.

Entre os empresários, o que se viu foram de propostas de diálogo para assédio eleitoral, como: "A gente sabe que tem muito medo também de sofrer retaliações na mídia, de ter uma foto, um vídeo gravado por aquele colaborador que é do outro lado, que é petista, mas a gente tem que ver uma forma de conversar com essas pessoas, de tentar convencê-los, de sempre pegar matérias interessantes, de credibilidade, que a gente possa compartilhar nos nossos grupos de WhatsApp. Ou pegar aquela matéria de um recorte do jornal e botar ali no mural da empresa para que aquelas pessoas sintam o impacto dessa realidade na empresa, no seu emprego, na sua realidade de amanhã de colocar a comida na mesa", disse Mateus Feitosa, presidente da Associação dos empresários do bairro do Alecrim (AEBA).

Um advogado do grande turismo de Natal, de um hotel de Ponta Negra, Gladstone Heronildes, ainda atacou os sindicatos: "Nós não podemos chegar dentro da empresa, porque os sindicatos são também petistas, socialistas e comunistas. Como também às vezes até o Ministério Público do Trabalho, e nós corremos o risco de por mero esclarecimento sofrer sanção dentro da empresa, se a gente convencer ou ousar esclarecer".

Heronildes ainda debocha do povo pobre: "Eu não sei se vai ser cassado pelo TSE, mas às vezes o verbo, o vernáculo, a concatenação das ideias que nós produzimos nas palavras, não entra na cabeça do sujeito mais humilde de uma forma tão clara. É preciso que mostre para eles um vídeo como esse que mostre o povo comendo cachorro na Venezuela. O povo sucumbindo a uma ditadura sem liberdade como nós já estamos começando a vivenciar, e poderá piorar seguramente. Nós precisamos ir para esses setores da sociedade onde há maior carência, onde estão ainda enganados achando que Lula seria o pai para salvá-los da pobreza".

Outro empresário da Zona Norte disse que é "bolsonarista atuante" e que “se for para ser preso, vou preso com alegria, e sei que vai ter gente que vai me soltar, viu Hélio", disse se referindo ao Coronel Hélio. Também sugeriu oferecer transporte para efetivar o voto de cabresto: "Tem que ir atrás de voto. A gente tem que facilitar as vidas das pessoas, para irem e virem. A gente tem que arrumar a condução. A gente tem que arrumar. Tem que convencer, tem que fazer tudo".

Com a proximidade do segundo turno, vemos uma explosão de denúncias de assédio e chantagens por parte dos patrões para que os trabalhadores votem em Bolsonaro. O MPT registrou 903 denúncias que envolvem 750 empresas. Essa prática clientelista é uma das faces podres do bolsonarismo que está abraçada com os empresários e patrões que apenas visam seus lucros e o endurecimento dos ataques contra os trabalhadores.

Como se não bastasse, lideranças da Comunidade Indígena Tapará, no RN, estão sendo ameaçadas por não apoiarem candidaturas que não fazem a defesa de causas indígenas. “Quem fala o que quer, ouve o que não quer e outra este áudio que publicaram no seu grupo, provavelmente já se encontra com Wendel Lagartixa”, afirma trecho de ameaça feita por um policial via WhatsApp.

Para o Saiba Mais, uma das lideranças ameaçadas relata: “no dia 10, dois carros pararam em frente à minha casa, desceram dois homens causando medo e terror ao meu filho, minha nora e meu casal de netos. Preciso urgente de proteção. Minha família e minha Aldeia Lagoa do Tapará precisam de proteção”.

Essa prática revela o caráter sujo e corrupto que é a odiosa extrema-direita e sob quais bases ela se sustenta e que precisamos combater no RN. O bolsonarismo se apoiou durante seus anos de governo nas empresas, na patronal, no agronegócio, nas oligarquias latifundiárias, nas Igrejas, nos militares, ou seja, se sustentou através das frações da burguesia mais conservadoras e reacionárias, não à toa garantiu lucros à esses a partir de um plano de ataques neoliberais ainda mais duros aos trabalhadores e aos setores mais oprimidos como é a reforma da previdência, o aprofundamento da reforma trabalhista, os cortes na educação, e os outros ataques aos direitos democráticos, como o direito ao aborto e ao próprio corpo. Agora, quer restaurar e normalizar o voto de cabresto.

É inadmissível qualquer caso de coerção, humilhação e assédio moral. Inclusive, é uma prática que remonta o típico clientelismo coronelista, principalmente, nas cidades do interior do país. Sendo um ataque frontal aos trabalhadores que infringe, inclusive, as leis trabalhistas e eleitorais, e ataca um direito democrático mínimo que são os direitos políticos e a liberdade de manifestação política.

Nós do Esquerda Diário, nos colocamos na linha de frente para denunciar e combater cada caso de assédio eleitoral e trabalhista. E, fazemos um apelo às centrais sindicais como a CUT dirigida pelo PT, e aos sindicatos, que não sejam passivos frente a essa situação. Precisamos organizar a luta nas ruas contra Bolsonaro, Rogério Marinho e Álvaro Dias, por nossos direitos e contra os ataques, em defesa dos povos originários que estão sendo um importante ator político nacional contra a PL do garimpo e o Marco Temporal.

A unidade de trabalhadores, indígenas, o conjunto dos setores oprimidos e do povo pobre é que pode levar a frente uma luta consequente à extrema direita que se fortaleceu - como mostram os resultados do primeiro turno - e os ataques da patronal. A classe trabalhadora potiguar vem demonstrando disposição de luta, como os trabalhadores da saúde compondo a luta nacional pelo piso da enfermagem. Porém, a estratégia de conciliação de Lula-Alckmin e o PT, de Fátima Bezerra (PT) com a oligarquia coronelista dos Alves, nos leva a um beco sem saída, rifando nossos direitos em nome dessas alianças e que jamais conquistaremos algo junto da direita e dos empresários que são os que praticam esse tipo de assédio asqueroso contra nossa classe, e que até agora sustentam Bolsonaro e sua corja reacionária.




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