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Balanço de campanha | Argentina: Bregman e a FITU se projetam como referência para as lutas que virão

Na Argentina, a candidata a presidente do PTS e da Frente de Esquerda Unidade alcançou 709 mil pessoas que votaram na FITU. Além disso, 779 mil votaram em deputados nas províncias onde existiam listas legislativas. Tendo em conta que a FITU não apresentou deputados em todas as províncias, um total de 850 mil pessoas votaram em alguma categoria da Frente. Nos debates televisivos, assistidos por milhões de pessoas, emergiu como uma nova referência na política nacional. Num cenário em que Massa cresceu devido ao medo da direita e ao maior caos econômico, a esquerda cresceu quase 80.000 votos em relação às primárias na categoria para presidente e ampliou a sua bancada no Congresso Nacional com a entrada de Christian Castillo. Mas, acima de tudo, plantou ideias e um programa diante da difícil situação que se abre no marco da crise econômica e política no país vizinho.

segunda-feira 23 de outubro de 2023 | Edição do dia

Com a contagem provisória próxima de 98% dos votos na Argentina, Myriam Bregman, candidata do PTS e da Frente de Izquierda Unidad ao lado de Nicolás del Caño, ultrapassou os 709 mil votos na candidatura presidencial (2,7%), crescendo um pouco mais de 70 mil votos em relação ao que foi obtido anteriormente nas primárias (PASO). Na categoria de deputados nacionais, a Frente de Esquerda ultrapassou os 779 mil votos nas províncias onde tinha candidaturas legislativas. Além disso, obteve mais 72 mil votos em outras províncias onde não apresentou lista de deputados, ultrapassando um total de 850 mil apoios para as diferentes categorias.

Num clima em que Sergio Massa - apesar de aplicar os planos de ajuste fiscal do FMI - conseguiu crescer e vencer a primeira volta capitalizando a rejeição da direita por parte de Javier Milei e Patricia Bullrich, bem como o medo do caos econômico, a candidata da Frente de Esquerda Unidade conseguiu defender o espaço da esquerda. Mas, acima de tudo, crescer em popularidade e emergir como uma nova referência na política nacional.

Isso ficou evidente nos debates presidenciais, onde Bregman sem dúvida desempenhou um papel central. Foi aí que denunciou que Javier Milei era “um gatinho mimoso do poder econômico”; que Patricia Bullrich repetia as receitas punitivistas que não levaram a lugar nenhum e que Sergio Massa não poderia viver com 124 mil pesos, como tentam fazer milhões de aposentados que ganham o mínimo.

Nos debates, Bregman também fez uma forte denúncia da situação crítica sofrida pelas massas trabalhadoras do país. Ao mesmo tempo, denunciou o declínio do sistema capitalista, que empurra milhões de pessoas em todo o mundo para condições de vida verdadeiramente dramáticas. Aí, perante um grande público, tornou-se uma defensora ativa das ideias socialistas que nos permitem enfrentar o declínio deste sistema. Foi também aí que propôs um programa de saída da crise, abertamente oposto ao ajuste fiscal proposto por todos os candidatos.

Esse excelente desempenho nos debates aumentou a simpatia por ela. Naquelas semanas, milhões de pessoas procuraram saber quem era Myriam Bregman e quais eram as suas ideias. As redes sociais e os motores de busca demonstraram enorme interesse: nas 24 horas seguintes ao primeiro debate, mais de 11 milhões de usuários interagiram ou mencionaram a candidata presidencial da Frente de Esquerda.

Essa simpatia também foi vista nos dias que se seguiram. Cada visita de Myriam Bregman, Nicolás del Caño e outros candidatos da Frente de Izquierda Unidad em campanha encontrou centenas ou milhares de saudações, abraços e aplausos, mostrando uma afinidade que vai além dos resultados deixados pelas eleições deste domingo. Como dissemos, em diferentes setores prevaleceu o medo de Milei na hora de votar.

Como resultado da campanha eleitoral, a Frente de Esquerda também conquistou uma nova cadeira no Congresso Nacional, com a entrada de Christian Castillo-PTS. Pela primeira vez a FITU contará com 5 deputados nacionais que serão um ponto de apoio às lutas que se avizinham. O seu papel no parlamento não será menor: o FMI tem novos planos de ajuste e reformas estruturais em preparação. Os deputados de esquerda são os únicos que têm a garantia de votar sempre a favor dos setores populares. Mas também nas ruas: sua bancada revolucionária estará - como sempre - ao serviço da promoção e coordenação da luta nas ruas, nos locais de trabalho, de estudo e nos bairros. Lá estarão com milhões de pessoas que estão cansadas dos ataques dos capitalistas.

Também na cidade de Buenos Aires, Celeste Fierro (MST) ingressou como nova legisladora da FITU na cidade. Por sua vez, Patricio del Corro (PTS) fez uma eleição muito boa para deputado nacional, com 5,40%.

Vale destacar também a eleição na província de Jujuy, onde ocorreu o principal processo de luta de classes de 2023 contra a reforma constitucional e a repressão comandada pelo governador Gerardo Morales. Lá Alejandro Vilca-PTS obteve 7,45% para senador nacional, enquanto Natalia Morales-PTS obteve 7,02%. São dois dos grandes líderes da esquerda que desmascararam os planos dos poderosos, como deputados da Frente de Esquerda, e estiveram na vanguarda das mobilizações. Na província de Neuquén, a Frente de Izquierda Unidad também fez uma eleição destacada, obtendo 6,72% para deputados com a candidatura de Angélica Laguna (IS).

Com a campanha encerrada neste domingo 22 de outubro, inicia-se uma nova etapa. Os tempos que virão na Argentina serão marcados por uma forte incerteza, por uma crise política e por uma grande crise econômica que - sob as ordens do FMI e dos candidatos a ele subordinados - apenas prevê mais contrarreformas reacionárias, novas desvalorizações cambiais e mais extrativismo, com base numa situação social já delicada, com mais de 40% de pobreza. Olhando para o que está por vir, as bandeiras levantadas por Myriam Bregman, o enorme respeito que conquistou mesmo entre muitos que desta vez não votaram nela por medo da direita, e as ideias que plantou para milhões de pessoas, são pontos essenciais de apoio para os tempos convulsivos que virão. Um programa de saída da crise favorável à grande maioria que estará na ordem do dia nas futuras lutas que estão por vir.




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