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Nossa Classe Educação | Crianças assassinadas em creche de SC: precisamos nos unir contra a barbárie que nos ameaça

Declaração do Movimento Nossa Classe educação sobre a tragédia ocorrida na creche Cantinho Bom Pastor em Blumenau (SC). Toda solidariedade às famílias, à comunidade escolar e aos trabalhadores da educação que pagam com seu suor e com suas vidas pela brutalização da sociedade imposta pelos capitalistas: as vidas das nossas crianças e as nossas valem muito mais do que o lucro deles.

quarta-feira 5 de abril de 2023 | Edição do dia

Nós do Nossa Classe Educação queremos prestar toda a nossa solidariedade com a comunidade escolar e as famílias das vítimas do ataque à Creche Cantinho Bom Pastor, no vale do Itajaí, em Santa Catarina, ocorrido hoje pela manhã. Isso menos de 10 dias após o ataque ocorrido em São Paulo na E.E. Thomazia Montoro que vitimou a professora Elizabeth, estamos novamente enlutados por outra brutalidade, dessa vez com ao menos 4 crianças assassinadas e outras feridas, praticada por um homem de 25 anos, bolsonarista declarado, cujo perfil nas redes sociais está repleto de postagens reivindicando Bolsonaro e o armamento.

Essa violência é resultado do discurso de ódio promovido pela extrema-direita, que adquiriu força diante dessa crise e da vulnerabilização e desamparo da classe trabalhadora, através da precarização, da carência e da desumanização levada a cabo pela burguesia e sua cultura de ódio. Soma-se a isso um projeto capitalista de destruição do ensino e da vida, desvalorização dos professores e trabalhadores da educação e sucateamento estrutural generalizado de vários setores da classe trabalhadora. Essa agitação permanente contra os professores e a educação pública, produziram um caldo social de uma parcela da sociedade, que ainda que reduzida, resguarda sentimento de repulsa aos professores e todos aqueles que atuam dentro das escolas.

Precisamos urgentemente expor essa ferida e discutir de uma vez por todas sobre a violência que as escolas estão expostas e a miséria social que nós trabalhadores da educação ficamos tão próximos. Damos aula para estudantes que vivem na fome ou em insegurança alimentar, ao lado de famílias que são atingidas pelo desemprego ou vivem com salários absurdamente baixos devido ao avanço da terceirização no nosso país, resultando muitas vezes num aumento da evasão escolar, com jovens cada vez mais novos abandonando os estudos para trabalhar.

A saúde mental de todos os trabalhadores da educação, dos estudantes e suas famílias, da sociedade de conjunto está em constante corda bamba, constante pressão para estourar a qualquer momento, diante dessa violência do Estado contra nós. Isso porque tudo começa com essa violência: quando políticos, patrões e empresários jogam essa crise econômica atual nas nossas costas, jogam a sociedade nessa miséria que estamos tendo que encarar todos os dias. Por isso, o aumento de tragédias horríveis como esta de Blumenau (SC), é primeiramente culpa desse Estado.

Leia também: A ideologia de extrema-direita de Tarcísio e Bolsonaro é responsável pela misoginia e violência contra professoras.

Acreditamos que, diante de tudo isso, não será através da presença da Polícia Militar nas nossas escolas e nem da mobilização de qualquer aparato coercitivo que resolveremos essa crise e os surtos de violência. Tais medidas só podem corroborar para o aumento da insatisfação e opressão dos mais socialmente vulneráveis.

Também destacamos que é necessária uma posição dos sindicatos e centrais sindicais no sentido de organizar uma luta que unifique estudantes e trabalhadores da educação e de outros setores para romper esse ciclo de precarização que vem intensificando as desigualdades, promovendo a carência, a pobreza, a fome e abrindo espaço para a violência e barbárie social. O caminho contra a violência nas nossas escolas não será pela presença do aparato violento do Estado, mas sim pela unidade das comunidades escolares contra toda essa miséria.

Toda solidariedade às famílias, à comunidade escolar e aos trabalhadores da educação que pagam com seu suor e com suas vidas pela brutalização da sociedade imposta pelos capitalistas: as vidas das nossas crianças e as nossas valem muito mais do que o lucro deles.

Leia também: Extrema-direita, militarização e reformadores da educação: os elos da tragédia escolar.

Foto: reprodução/RBS TV




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