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Eleições SINPEEM | Declaração do Movimento Nossa Classe Educação sobre a convenção da oposição unificada

terça-feira 4 de abril de 2023 | Edição do dia

No meio de fevereiro, se iniciou o processo de eleição para a nova diretoria do SINPEEM (Sindicato de Professores Municipais de São Paulo), que acontecerá no início de maio. Nós, do movimento Nossa Classe Educação, viemos batalhando desde o começo deste processo por uma oposição de esquerda unificada e com independência de classe, frente ao burocratismo da direção de Claudio Fonseca, que há mais de três décadas paralisa o nosso sindicato e trai a luta dos trabalhadores da educação da cidade de São Paulo, sendo hoje seu partido, o Cidadania, base aliada tanto de Nunes (MDB), como de Tarcísio (REPUBLICANOS). Foi nesse sentido, também, que atuamos para construir um programa que tivesse como ponto de partida mínimo a centralidade na organização de nossas lutas, na defesa da mais ampla democracia operária, na independência de nossa chapa em relação a todos os governos, inclusive do governo Lula-Alckmin que foi eleito através de uma frente ampla e atua para manter os ataques implementados nos últimos anos, a exemplo das Reformas do ensino médio, trabalhista e da previdência, pois entendemos que os sindicatos precisam ter essa independência para serem verdadeiras ferramentas de luta da classe trabalhadora.

Nesse último domingo houve uma convenção de vários setores da oposição com os quais viemos atuando há cerca de um mês, construindo e chamando a categoria para participar da construção desse processo mas, mas ao final da convenção programática da oposição unificada, apesar dos nossos esforços em defesa da unidade dos setores de oposição sob a bandeira da independência de classe, entendemos que o princípio de independência de todos os governos está rompido, uma vez que o PT, pela via da corrente Debate CUTista, passou a fazer parte da chapa.

Veja aqui nossas ideias e programa defendidos na convenção

Hoje a CUT, central sindical à qual o SINPEEM é filiado, atua como um braço sindical do governo Lula-Alckmin dentro do movimento de trabalhadores em todo o país, contendo e paralisando as lutas da classe trabalhadora e há anos essa central - defendida publicamente pelo Debate CUTista, vem representada dentro da diretoria em aliança com Claudio Fonseca, através de figuras como o secretário geral do SINPEEM, Cleiton Gomes, assim como o vice-presidente José Donizete Fernandes.

Nós, do MRT e do Movimento Nossa Classe Educação, entendemos que durante o governo Bolsonaro essa Central Sindical atuou sempre buscando capitalizar todo o descontentamento da nossa classe em votos para o PT, e agora, como parte do governo, atua para evitar a luta independente da nossa classe e preservar a estabilidade desejada pelo governo, buscando convencer de que nossos direitos serão garantidos por esse governo sem que seja preciso lutar por eles, o que sabemos que não é verdade, pois desde a campanha eleitoral esse governo assumiu, em nome da frente ampla, o compromisso de não revogar as reformas e ataques. Nesse sentido, não é possível ser independente do governo tendo como parte da chapa o próprio governismo. A participação do Debate CUTista, uma corrente da CUT que defende a linha política da Central, significa diretamente uma exclusão política do Movimento Nossa Classe Educação e do MRT, que viemos participando das reuniões de construção pela oposição unificada e sempre deixamos claro que a total independência do governo se trata nao só de um princípio inegociável para nós, mas do único caminho para responder às necessidades mais sentidas pelos trabalhadores. Afinal, a relacao dos sindicatos com o governo é uma questão determinante neste momento, em que quase todas as centrais, com a CUT à frente, aderiram ao governo, e imediatamente deixaram de defender necessidades elementares de nossa classe, como a revogação integral da reforma trabalhista. Esta entrada da CUT se deu com a conivência das demais correntes que se colocam no campo da esquerda na oposição.

A suspensão da portaria do NEM não tira a reforma do ensino médio das escolas

Para que fique claro sobre o ocorrido: a entrada do Debate CUTista só foi anunciada pela própria mesa já ao final da convenção, quando esse setor apareceu compondo enquanto corrente política o bloco de Unidade, encabeçada pela Resistência/PSOL. Questionada ao final por nós, depois de pedirmos esclarecimento inúmeras vezes, os próprios membros do Debate CUTista disseram que são sim parte da chapa enquanto corrente política, desmentindo aqueles que diziam se tratar apenas de alguns professores que, individualmente, eram filiados ao PT, mas teriam rompido com o Debate CUTista, e propondo que nosso questionamento fosse direcionado aos membros desta mesma corrente que permanecem na chapa de situação ao lado de Claudio Fonseca.

Assista o vídeo de nosso pedido de esclarecimento:

Não é possível que no SINPEEM diante do desafio de retomar o sindicato para as mãos da categoria, estejamos juntos com o mesmo partido e com a mesma Central que na APEOESP burocratiza a luta dos professores estaduais sob a direção de Bebel há décadas. O PT e a CUT atravancam as lutas dos educadores de SP e, nacionalmente, têm um projeto privatista para a educação, com o próprio Camilo Santana dizendo que revogar o NEM é um retrocesso, e nomeando até bolsonaristas para compor o MEC. Chamamos os companheiros dos coletivos e organizações de esquerda, que reivindicam a necessidade de um SINPEEM com independência política dos governos, a reverem sua posição decomposição de uma chapa junto com uma corrente que representa a política de conciliação levada nacionalmente adiante pelo PT, e que inviabiliza, portanto, o princípio da independência de classe.

Nós, do Movimento Nossa Classe Educação, não iremos compor uma chapa que não tem total independência de todos os governos, porque isso esvazia de conteúdo o programa da chapa e inviabiliza a atuação prática na realidade em busca de implementar tal programa e vemos que, apesar de termos feito todos os esforços possíveis (inclusive o pedido de esclarecimento) para avançar para uma chapa unificada da oposição com independência de classe, essa manobra ocorrida ao final da convenção nos exclui politicamente da chapa de oposição. Para nós, se coloca fundamental e urgente a mobilização em cada escola de São Paulo, em espaços democráticos de discussão entre todos os educadores em aliança com as comunidades escolares, para organizar de forma independente as nossas forças contra a precarização da educação, contra o Novo Ensino Médio e em defesa de nossos direitos enquanto educadores e trabalhadores, nos somando não só nos discurso, mas sim na ação, em torno da necessária construção de um SINPEEM realmente democrático, com independência política e de classes, que organize a categoria para enfrentar e derrotar nas ruas todos os ataques de Nunes e Tarcísio, assim como de qualquer governo.

Assista também nossa declaração:




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