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Em rega-bofe da South Summit | Dono da Zero Hora e RBS elogia escravocratas da Salton: “muito orgulho”

A burguesia gaúcha protagonizou mais uma cena racista de doer os olhos e revirar o estômago. Dessa vez os envolvidos foram Nelson Sirotsky e empresários e políticos ligados ao South Summit (em que Leite e Melo participaram). O dono da RBS e da Zero Horo, da família Sirotsky, ofereceu espumante Salton aos seus convidados em um jantar chique em Porto Alegre e, pasmem, defendeu e elogiou os escravistas da vinícola de Bento Gonçalves.

domingo 2 de abril de 2023 | Edição do dia
Nelson Pacheco Sirotsky

O caso estrondoso saiu na coluna de Giane Guerra, numa notícia para lá de chocha. Ficou a dúvida se Guerra estava apenas noticiando o fato, de forma terrivelmente “imparcial”, ou se estava saudando e elogiando a “nobre postura” do chefe. Vindo de Guerra, bem mais provável a segunda opção. Segundo a jornalista, Nelson Sirotsky oferece o vinho aos convivas e diz:

“Todos, na nossa trajetória, temos acertos e erros. Eventuais erros têm que ser corrigidos. Assim é com o vinho gaúcho, com a comunicação, com qualquer setor. O Rio Grande do Sul tem uma classe produtiva que nos gera muito orgulho.”

Sirotsky chama escravizar mais de 200 trabalhadores negros, oriundos da Bahia, a base de choques, porradas e ameaças de morte como um “erro”. Finaliza elogiando os escravocratas, dizendo que essa “classe produtiva” “gera muito orgulho”. Como dizem os gaúchos, é de cair os butiá do bolso!

A cena toda parece uma crônica do Machado de Assis, em que o escravocrata se vangloria moralmente de antecipar a alforria de seu escravo, Pancrácio, dias antes do 13 de maio de 1888. A cena é praticamente idêntica, até o espumante é igual. A história se repete como farsa, já diria outro grande homem do século XIX. Machado não se cansa de reaparecer na história brasileira… e por falar em referências do século XIX, o rega-bofe da South Summit lembrou bem algum quadro de Jean Baptiste Debret, em que escravocratas se esbanjam em farturas e vinhos. Um oferecimento, vinícolas Salton: onde a escravidão é apenas um erro que gera orgulho!

O caso se torna ainda mais escandaloso quando vemos que a Salton, junto de outras vinícolas envolvidas no caso, é literalmente parceira de negócios da família Sirotsky. Basta 1 minuto de pesquisas na internet que é fácil de encontrar várias propagandas que a Salton já fez no jornal dos Sirotsky. A Zero Hora é realmente uma imprensa “imparcialíssima”! A bem dizer, esses homens e mulheres são funcionários de alto escalão da elite escravocrata que reina nesse país. O montante deve ter sido milionário, pois a quantidade de propaganda que eles já fizeram no último período é grande:

Sirotsky acerta no Machado e no Debret, mas a nossa vontade mesmo era de ter acertado num Tarantino, estilo Django. Os janotas da South Summit são cúmplices dessa barbárie toda. Empinam zeppelins pela cidade, contam lorotas sobre empreendedores, mérito e outras groselhas, mas o que gostam mesmo é de trabalho não remunerado, é de esforço alheio para enriquecimento próprio, é de gente pobre e preta trabalhando na lavoura ou na bike com o açoite no lombo todo dia. Chamam isso de liberdade ou de espírito empreendedor. Nós chamamos isso de escravidão moderna, ou de capitalismo.




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