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CRISE RIO DE JANEIRO | É necessário lutar pelo não pagamento da dívida

Faltam 36 dias para Olimpíadas. A cada dia que passa a população amarga mais a grave crise econômica pela qual o Estado passa. O ministro golpista da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que o Rio de Janeiro terá acesso imediato aos R$ 2,9 bilhões previstos em medida provisória publicada nesta quinta-feira (30/06) pelo governo no Diário Oficial da União.

Carolina CacauProfessora da Rede Estadual no RJ e do Nossa Classe

sábado 2 de julho de 2016 | Edição do dia

No entanto, essa quantia não será para pagar os salários dos aposentados ou dos demais servidores públicos que tiveram seus salários parcelados, ou das milhares de terceirizadas que estão sem salários há meses nas instituições públicas. Neste mesmo dia, Dorneles destila cinismo ao declarar ao jornal O Globo que “Não posso mentir para os servidores. A segunda parcela não está definida ainda. ”. Na mesma matéria ele compara isso a trabalho escravo, do qual ele, Pezão, Cabral e outros são responsáveis. O governo não só mente como debocha do povo. Com seus esquemas bilionários vivem vida de rei, enquanto, os trabalhadores estão pagando pela crise.Segundo, o governador interino Fernando Dorneles, o dinheiro vai para a segurança, ou seja, mais repressão para garantir as Olimpíadas. Nem terminará as obras da linha 4 do metrô, como havia sido anunciado inicialmente. Além de já ter gasto 21 vezes mais do que o previsto.

Os trabalhadores e a juventude não aguentam mais ver o descaramento do Estado. Diariamente Pezão, Paes, Dorneles, Cabral e muitos outros políticos são citados em esquemas bilionários de corrupção. Enquanto, o feijão está mais caro que a carne, Dorneles compra banquetes para o Palácio Guanabara. O governo diz estar preocupado com a segurança nas Olimpíadas, enquanto isso a contagem regressiva para o mega evento segue suja de sangue das mortes nas favelas pelas mãos da polícia, com operações diárias, como foi na Maré esta semana, onde estudantes e trabalhadores ficaram horas sitiados e uma agente de saúde foi morta com uma “bala perdida”. Os moradores das favelas, negros, pobres e jovens sabem que isso significará, mais repressão e mortes, pelas mãos da PM, que contará com o efetivo de 25 mil policiais, do Bope, ou do Exército que tomará as ruas da cidade do Rio de Janeiro nas Olimpíadas.

O governo PMDB-PP decretou calamidade pública, porque o Estado do Rio de Janeiro atingiu o teto de 200% de dívida pública, o que o inviabilizaria de poder tomar novos empréstimos. Após o acordo de Dorneles e Temer, no plano do governo golpista para “salvar” as Olimpíadas, a dívida pública teve seu pagamento prolongado e uma carência de 6 meses com descontos. Temer como parte do plano de estabilização de seu governo exigiu uma série de “contrapartidas”. Como parte deste compromisso, Dorneles já anunciou que privatizará a CEDAE (Companhia Estadual de Águas e Esgotos). Além disso, vai congelar a contratação por concurso por 24 meses e ameaça cortar o bilhete único. Os alugueis sociais estão atrasados. A guerra na justiça se mantem para garantir repasse obrigatório, enquanto, isso sem nenhuma condição de funcionar, UPA’s e hospitais colecionam graves cenas de abandono do Estado, como o homem que foi fotografado, atendendo sentado em uma lixeira.

No dia em que o governo recebe quase 3 bilhões do governo federal, noticia que a possibilidade dos restaurantes populares fecharem em 10 dias. As empresas alegam que estão há 14 meses sem receber. Atualmente o estado mantém 16 restaurantes que vendem refeição a R$ 2,00. Milhares de pessoas em situação de rua, ambulantes e trabalhadores utilizam o serviço como forma diária de alimentação, quem em meio dessa crise e do aumento da inflação, vai significar diretamente mais fome no estado.

As greves em curso, dos professores da rede estadual, Faetec, UERJ já duram quase 4 meses e seguem sendo enroladas pelo estado, cada vez mais sem perspectivas. É necessário que todos os setores que estão em luta hoje no Rio, como os professores, coloquem no centro de suas lutas o não pagamento da dívida pública, para que se financie Saúde e Educação. A dívida pública é a primeira coisa a ser paga nos orçamentos dos estados, municípios, com transferência de parte de seu orçamento diretamente para a União, que enriquece os bancos que detém os títulos desta dívida. Todos os políticos, legislativo, executivo e judiciário, legitimam este meio de enriquecimento. Uma parte das dívidas do Rio de Janeiro, foram adquiridas na Ditadura Militar, desde então geram juros impagáveis. Diversos setores da esquerda defendem a auditoria da dívida, como resposta. Já sabemos de onde essa dívida vem, dos roubos por parte dos governos e isenção de impostos às grandes empresas todos esses anos no Rio de Janeiro, como o fato de entre 2008 e 2013 o governo do Rio ter deixado de arrecadar R$ 138 bilhões em impostos às grandes empresas.Portanto, a resposta deve ser colocar a necessidade de não pagar essa dívida criada em favorecimento dos empresários pelos governo. É necessário organizar um combate à altura, que defensa que dívida não será descarregada nos ombros dos trabalhadores e do povo.

Os trabalhadores e a juventude não aguentam mais a situação da cidade com obras superfaturadas para todo canto, grandes obras que não melhoraram em nada a vida das pessoas, caos na saúde, na educação e no transporte. É preciso barra qualquer tentativa de privatização. Para isso é fundamental exigir que as grandes centrais sindicais organizem um plano de luta contra os cortes, que abra caminho para uma Constituinte imposta pela luta. Que derrube esse governo golpista de Temer, mas sem que isso signifique a volta de Dilma, que atacou com planos muito parecidos durante todo seu mandato.




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