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Educação RS | “Em que mundo vive a secretária Raquel Teixeira e a Seduc de Eduardo Leite?”

Esta é uma pergunta que se fazem professores e professoras que assistiram nesta segunda-feira (5) ao "treinamento" ideológico neoliberal disfarçado de Jornada Pedagógica promovida pela Seduc do governo Leite. Embora a Seduc RS tente cooptar um discurso pedagogicamente progressista a prática é neoliberal. Mesmo que fosse viável e se investisse para criar a estrutura necessária para este modelo de educação, o modelo é "preparar", nas palavras da própria secretária da educação Raquel Teixeira, os jovens ao mundo que os cerca. Formar mão de obra barata em outras palavras, onde o papel da crítica e do protagonismo social não existem.

segunda-feira 5 de fevereiro | Edição do dia

Em meio a 95% das escolas estaduais com problemas estruturais urgentes, dado levantado antes do último temporal, exige-se competências e habilidades para “preparar” (leia-se adequar) os estudantes para o mundo que os cerca, diga-se de passagem, sem crítica. E que mundo é este? O incrível mundo de Raquel Teixeira e Eduardo Leite (PSDB) onde jovens devem ser preparados para o mercado de trabalho de super exploração enquanto o Estado sustenta os ricos e super ricos com, privatizações, isenções fiscais bilionárias e permitindo que outros bilhões de reais sejam sonegados, isso sem mencionar o chamado Regime de Recuperação Fiscal e a dívida pública.

Falou-se em equidade e oferecer as mesmas oportunidades para os jovens, um deboche em um momento em que muitas escolas, em especial as afetadas pelos últimos eventos climáticos extremos, ainda estão tentando resolver problemas estruturais graves. Realmente a impressão é que se tratam de dois mundos, um onde se falam as maravilhas da pedagogia inclusiva que oportuniza a todos o direito de desenvolver habilidades e competências para ter uma vida digna, e outro, o mundo real, onde o último pacote de leis aprovado em dezembro de 2023, serviu para beneficiar os empresários ligados à educação, acabar com a gestão democrática das escolas, tirar autonomia do Conselho Estadual de Educação, além da municipalização do Ensino Fundamental, que acarretará a demissão em massa de professores e professoras contratadas.

Alguns dias antes do último temporal que revelou a verdadeira face da privatização deixando milhares de pessoas sem água e sem luz, o Cpers Sindicato publicou uma denúncia sobre a situação precária das escolas gaúchas, a matéria apresentou números alarmantes. Por exemplo, que 95% das escolas no RS apresentam problemas estruturais graves. Após o caos gerado pelo último evento climático extremo, fruto da destruição capitalista do meio ambiente, muitas escolas se encontram em situação ainda pior.

Raquel Teixeira afirma que cada aluno tem sua realidade, assim como cada professor, e que compete aos professores escutar cada aluno e acolher para criar na escola um ambiente em que os jovens, independente de suas realidades, possam ter oportunidade. Este discurso parece muito bonito para quem não sabe da política de enturmação (juntar turmas), é lindo para quem não sabe quantos alunos o governo coloca por sala de aula, para economizar com funcionários e professores, para quem não sabe que Eduardo Leite mantém metade da categoria com contratos precários. É humanamente impossível atender a todos, mas ainda assim as professoras, professores e equipes diretivas fazem muito mais do que são pagas para fazer, para tentar dar conta do funcionamento das escolas.

O que fazer então? Estamos derrotados? Precisamos nos adequar ao modelo privatista, que inclusive o governo Lula/Alckmin implementa, como em SP com Tarcísio de Freitas no metrô? Precisamos nos adequar ao MEC do Camilo Santana (PT) que mantém relações com os tubarões da educação que estão de olho para abocanhar o Ensino Médio? Nos adequar à política neoliberal de Eduardo Leite que também visa a privatização da educação? Não, não, não e não. Sofremos diversas derrotas no último período sim, com a ajuda das traições da direção central do CPERS e das saídas meramente parlamentares e jurídicas, que diversas vezes teve o apoio de figuras e parlamentares do PSOL, que não se apresentaram como uma alternativa para dirigir a luta apostando na luta de classes.

Sem apostar na força da mobilização das trabalhadoras da educação tomando as ruas, não há manobra jurídica ou parlamentar que vá arrancar nossos direitos. Será preciso se reorganizar pela base, em cada escola, para retomar os sindicatos para as mãos dos trabalhadores e trabalhadoras, construir grandes assembleias e nos reagruparmos para novas batalhas que ainda teremos que dar por uma educação pública de qualidade e para um outro modelo de sociedade, em ruptura com o capitalismo, em que o discurso finalmente se combine com a prática e os trabalhadores possam desfrutar de tudo o que produzem.




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