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Greve USP | Greve na USP segue apesar do DCE: é preciso unir os estudantes para avançar na luta

Mariana DuarteEstudante | Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo

sexta-feira 20 de outubro de 2023 | Edição do dia

Na assembleia geral dos estudantes da USP, que ocorreu na última quarta-feira, centenas de estudantes votaram a favor da continuidade da greve, repudiando o documento apresentado pela Reitoria, que permite a punição administrativa de estudantes, abre espaço para maior precarização dos trabalhadores do bandejão e não garante a demanda de contratação de professores, funcionários e permanência estudantil. Isso ocorreu a revelia das direções do movimento, que vieram trabalhando pelo desmonte da greve há semanas. Frente a esse cenário é preciso batalhar para unir os estudantes, dos mais ativos aos menos, em ações que sirvam para massificar. Esse é o único caminho possível para arrancar nossas demandas da Reitoria.

A assembleia geral dos estudantes deixou claro que existe um setor importante do movimento estudantil que segue tendo, apesar das tentativas de manobra da Reitoria e de sua intransigência em responder a questões mínimas dos estudantes, uma importante disposição de luta. Foram diversas as intervenções de estudantes independentes, de diversos cursos, que demonstraram que a "proposta" apresentada pela Reitoria, em uma reunião absurda, com falas racistas contra estudantes que estavam na comissão de negociação, seguida de uma postura totalmente instransigente de fechar a negociação sem mais nem menos, não permitia encerrar a greve agora.

Ou seja, mesmo com uma política consciente por parte da direção do movimento, as correntes do DCE (Juntos, Correnteza e UJC), ao lado de correntes que estão em centros acadêmicos como o Afronte, e do Rebeldia que está no CAELL, de começar a acumular vários argumentos para encerrar a greve assim que acabou a reunião de negociação com a Reitoria. Como viemos colocando em diversas intervenções nas assembleias gerais e de curso desde então, essas correntes políticas se utilizaram de todo tipo de argumento, inclusive para gerar medo nos estudantes, dizendo que a Reitoria poderia recuar das propostas já feitas e coisas do tipo, para construir o fim da greve em diversos cursos. Essa política veio como consequência de uma debilidade importante que se expressou desde o início de todo o processo: uma estratégia que levou a uma atuação de espera passiva pelas reuniões de negociação, por fora de buscar construir iniciativas concretas para massificar a luta no momento decisivo, quando a greve tinha tomado todos os cursos do campus Butantã mas não tinha ainda se expressado demonstrações de força massivas do movimento.
Isso se somou a uma falta de espaços mais democráticos, com assembleias e a própria condução do comando geral de greve sendo feitas de forma a que a criatividade e força da base dos estudantes não se fizesse pesar até o final.

O papel do DCE e centros acadêmicos deveria ter sido, ao ver que a Reitoria como fruto da força da luta, começava a ceder, pensar e batalhar para massificar a mobilização, se enfrentando com o assédio dos professores nos cursos em que isso estava ocorrendo e pensando como dialogar com o cansaço que também começava a se expressar.

Infelizmente o que vimos foi uma unidade de argumentos com frases do tipo "a greve é o ponto de partida" ou "precisamos pensar a mobilização para além da greve" que tinham como único objetivo convencer toda una vanguarda de luta, de que o teto da mobilização havia chegado. Vimos uma nota que expressava a política de derrota em toda a linha por parte do Afronte, escrita quando apenas a Poli havia saído da greve, somado ao vergonhoso papel de terem proposto e sido a favor do curso de Pedagogia em assembleia votar pela assinatura de um documento que permite punição e mais precarização do trabalho. Poucas horas antes da última assembleia geral essas mesmas correntes escreveram uma nota que, sem coragem de dizer que defendiam o "fim da greve", colocavam um discurso de "estado de lutas na USP", ao mesmo tempo que buscam desmontar a luta atual. Na nota havia uma lista de vitórias que conquistamos com a greve, sem dizer que a Reitoria permite a punição administrativa nas unidades, inclusive dos estudantes que derrubaram as grades da ECA e ao mesmo tempo inventa de maneira absurda que conquistamos reposição automática de funcionários, logo após um boletim do Sintusp que desmente a Reitoria nesse ponto. É uma pena que tais correntes políticas tenham optado por dividir o movimento nesse momento.

Como seguir agora?

O DCE ao ter sua posição derrotada na assembleia precisa ouvir a base dos estudantes que estava presente e levar a frente a construção da greve, mantendo ativos todos que desde o início decidiram iniciar essa batalha por mais contratações e por permanência. Nesse sentido, é preciso mais do que nunca unir os estudantes, dos que estão mais ativos nas atividades de greve, aos que estão menos. Para isso é necessário que se tenham propostas concretas em que seja possível concentrar forças. Pequenas ações dispersas levadas a frente apenas por um setor, mal divulgadas e desorganizadas não irão levar o movimento a conquistar as demandas pelas quais seguimos em greve.

O ato-festival que irá acontecer hoje pode cumprir um papel importante para atrair o máximo possível de estudantes, e devemos construir uma forte manifestação até o largo da batata na próxima quarta-feira.

Vamos dar um recado para a Reitoria de que quem impõe o teto das negociações é a força da luta dos estudantes!

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