terça-feira 29 de novembro de 2016 | Edição do dia
Nesta terça (29), às 10h da manhã, a Light desligou as luzes do prédio da Reitoria. A ação ocorreu durante sessão extraordinária do Conselho Superior de Coordenação Executiva que ocorria no prédio e que imediatamente emitiu uma nota de repúdio à ação. A universidade havia quitado, desde a posse do Reitor Roberto Leher, todas as faturas de 2015 além das faturas de fevereiro a maio, duas faturas de junho haviam acabado de ser pagas nesta quinta (24) e segunda 28, e a universidade estava em processo de negociação da dívida junto à empresa. Ou seja, o corte de luz foi uma ação totalmente unilateral por parte da empresa.
O corte, que agrava ainda mais a situação crítica em que se encontra o prédio da Reitoria, que pegou fogo deixando estudantes da EBA e FAU desalojados de seu local de estudo, é só o primeiro. A empresa Light ameaça cortar as luzes da Escola de Educação Física e Desportos e da Prefeitura Universitária à qualquer momento. O corte afetará laboratórios, com a perda de biotérios, e o corte na Prefeitura significa que o CT 2 ficará também sem luz.
A dívida da universidade com a Light é de 15 milhões. Porém, só desde a posse do Reitor Roberto Leher, a universidade desembolsou 64,6 milhões para pagar a sua luz, sendo 49 milhões advindos do orçamento de 2016. 2,9 milhões haviam sido pagos nesta quinta e mais 719 mil na segunda, ou seja, não é que a universidade estivesse dando um compreensível calote nas contas de luz, já que passa por uma de suas maiores crises financeira com a retenção dos repasses federais, cortes na educação que começaram a ser efetuados durante o governo Dilma e que estão sendo aprofundados radicalmente pelo golpista Temer, cujo carro chefe no momento é a PEC 55 (antiga 241) que congela todos gastos com investimento públicos por 20 anos.
Isto na realidade pouco importa para a Light que é uma empresa privada e só está preocupada com o seu lucro, não importando se coloca em risco as pesquisas, os laboratórios, a produção de conhecimento e a formação de milhares de estudantes. A Light vai muito bem obrigado, enquanto as universidades suam para pagar as prestações cada dia mais caras da energia que sofreu um duro “tarifaço” em 2015 e segue aumentando seu custo.
É simbólico (ou será que foi premeditado?) que a empresa ataque a Universidade justamente no mesmo dia em que o Senado vota o primeiro turno da PEC 55, com Brasília tomada pelas forças de repressão para garantir a distância dos estudantes e servidores que se opõem ao pacote de ataques de Temer.
Esta claro que a situação da universidade não se sustenta com este congelamento. Esta estratégia de desinvestimento foi a mesma que anos atrás sucateou a Light para vendê-la mais barato e garantir o “ajuste fiscal”, ou melhor dizendo, o corte em serviços públicos para a garantia do pagamento da dívida pública, representado hoje na PEC 55, por isso é preciso que estudantes que lutam contra o “ajuste de contas” que não toca nos altos privilégios da casta política, assuma que esta dívida que só enriquece um punhado de banqueiros não deve ser paga.
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