É o primeiro encontro de alto escalão desde o início da invasão russa. Acontece nesta quinta-feira, junto ao Fórum Diplomático de Antalya.
quinta-feira 10 de março de 2022 | Edição do dia
Os ministros de Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, e da Rússia, Serguéi Lávrov, já se encontram em Antalya, praia na costa mediterrânea da Turquia.
A reunião tripartite, iniciativa do chanceler turco Mevlüt Cavusoglu, é a primeira reunião de alto escalão entre a Rússia e a Ucrânia desde o começo da invasão. As rodadas de negociação anteriores reuniram delegações de importância menor na Bielorrússia para tatear as possibilidades de um cessar-fogo ou para negociar corredores humanitários em diferentes regiões da Ucrânia.
Upon President @RTErdogan’s initiatives & our intensive diplomatic efforts, Foreign Ministers Sergei Lavrov of #Russia & Dmytro Kuleba of #Ukraine have decided to meet with my participation on the margins of @AntalyaDF.
Hope this step will lead to peace and stability.
— Mevlüt Çavuşoğlu (@MevlutCavusoglu) March 7, 2022
Cavusoglu também participará da reunião. O cenário escolhido foi o do Fórum Diplomático de Antalya, uma iniciativa do governo turco que celebrou sua primeira edição em meados do ano passado e reúne chanceleres, líderes políticos, diplomáticos, formadores de opinião e acadêmicos de todo o mundo.
A Turquia pertence à OTAN, já vendeu drones para Kiev e assinou um acordo de produção conjunta. Além disso, se opõe às políticas russas na Síria e Líbia, assim como à anexação da Crimeia em 2014. No entanto, não se somou às sanções econômicas contra a Rússia, impulsionadas pelos Estados Unidos.
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O que está na mesa
A Rússia chega em Antalya com as mesmas exigências que motivaram a invasão: a neutralidade e desmilitarização da Ucrânia, o reconhecimento da soberania russa sobre a península da Crimeia por parte da Ucrânia, e o reconhecimento da independência das repúblicas de Donetsk e Lugansk, recentemente outorgado por Moscou.
Por sua vez, como informou o ministro do exterior ucraniano em um vídeo que circulou nas redes, Kiev exige "o cessar-fogo, a liberação de nossos territórios e a solução incondicional de todos os problemas humanitários e catástrofes causadas pelo exército russo".
Em uma entrevista à rede ABC News, o presidente ucraniano Volodímir Zelensky disse que está "pronto para o diálogo, mas não para a rendição. Creio que respeito os pontos relativos aos territórios temporariamente ocupados e às pseudo-repúblicas não reconhecidas por mais ninguém além da Rússia. Podemos discutir e encontrar um acordo sobre como seguirão vivendo esses territórios".
No que tange à relação da Ucrânia com a OTAN, Zelensky reconheceu que a aliança "não está preparada para aceitar a Ucrânia" e afirmou ter "baixado" suas expectativas.
A questão nuclear
O diretor geral da Organização Internacional de Energia Atômica (OIEA), o argentino Rafael Grossi, também foi convidado à Antalya. Seu convite se dá no contexto da informação cruzada sobre a segurança das instalações nucleares, como em Chernobil.
Em um comunicado da organização, Grossi afirmou que "Nas reuniões que ocorrerem lá, espero avançar na questão urgente de garantir a segurança das instalações nucleares da Ucrânia. Temos que agir agora".
