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Declaração França | Nasce uma nova organização revolucionária

O Congresso do Révolution Permanente, realizado nos dias 16, 17 e 18 de dezembro em Paris, formalizou a fundação de uma nova organização revolucionária na França. Esta declaração recupera este projeto e dirige-se aos militantes do Novo Partido Anticapitalista (NPA) que lutaram contra a diluição desta organização no neo-reformismo.

sexta-feira 6 de janeiro de 2023 | Edição do dia

Crédito das imagens: O Phil des Contrastes

Ao final de um processo que reuniu cerca de 400 pessoas em encontros preparatórios organizados em diversas cidades do país, o Congresso, realizado nos dias 16, 17 e 18 de dezembro em Paris, aprovou a fundação de uma nova organização revolucionária na França. Durante três dias, 118 delegados, os membros de um comitê provisório encarregado de organizar o processo, além de uma delegação internacional com membros de diferentes seções européias da Fração Trotskista – Quarta Internacional (FT-QI) e ativistas da Argentina e Brasil, discutiu a situação internacional e francesa, bem como as bases políticas dessa nova organização.

Os participantes reafirmaram a defesa de um projeto social emancipatório, o comunismo, e de uma estratégia revolucionária que articule o papel central da classe trabalhadora, em sentido amplo, com a luta contra todas as formas de opressão e contra a destruição do planeta. A organização resultante do congresso terá como centro de gravidade a intervenção na luta de classes, o desenvolvimento da auto-organização dos trabalhadores e a luta contra a burocracia sindical. O congresso também endossou entusiasticamente o pedido da nova organização para se tornar membro da FT-QI e adotou uma carta estatutária estabelecendo os direitos e deveres dos ativistas, incluindo o direito de tendência.

Um relatório das discussões escritas pela direção eleita está disponível online e permite conhecer as trocas ocorridas durante esses três dias de congresso. A principal divergência política que o percorreu dizia respeito à política dos revolucionários diante da guerra na Ucrânia, com uma pequena minoria de delegados defendendo uma posição contrária à apresentada no documento internacional. Se os debates não resolveram essas divergências, permitiram colocar as divergências de forma fraterna e política, e o congresso saiu com um documento internacional amplamente votado.

A sessão de abertura foi representativa do que torna o Révolution Permanente único: as ligações e simpatias despertadas em setores e entre figuras importantes da vanguarda. Ao lado de membros da direção da organização e de delegações internacionais, figuras dos trabalhadores, à frente das greves recentes, como Alexis Antonioli da CGT Total ou Hassan Letaief da Geodis, figuras do movimento antirracista, como Assa Traoré e Youcef Brakni, ou intelectuais como Frédéric Lordon e Sandra Lucbert. Todos saudaram a constituição do RP como organização política.

Uma organização de combate, que quer ser um instrumento de intervenção nos grandes fenómenos políticos e nas próximas explosões da luta de classes, num momento em que já se anuncia a batalha em torno das aposentadorias. Sobre este último ponto, os delegados insistiram em particular na necessidade de não dissociar a luta contra o aumento da idade da luta pelo aumento dos salários num contexto de inflação crescente. Mas também na questão central de defender um programa para a mais ampla unidade de nossa classe no movimento, e desenvolver, nesse sentido, ao máximo as tendências de auto-organização e coordenação para evitar que os dirigentes sindicais decidam no lugar daqueles que lutam.

No contexto da crise na França Insubmissa (LFI, partido de Mélenchon) e da explosão do NPA de dentro pra fora, o Révolution Permanente também afirma querer participar da reconstrução de uma esquerda revolucionária na França. O desafio é construir uma alternativa ao neorreformismo e à esquerda institucional, que nunca foi objetivo do NPA. Na realidade, a sua direção histórica recusou-se sistematicamente a fazer um balanço do projeto de “partido amplo” e a clarificar estrategicamente a organização em sentido revolucionário, conduzindo a um processo de adaptação e alianças eleitorais com a LFI que aconteceram há alguns vários anos.

A explosão do NPA marca assim o fim de um longo processo em que a exclusão dos militantes da Revolução Permanente em junho de 2021 foi um primeiro passo. O congresso fundador do RP deu importância a esta cisão e se coloca solidário com os militantes que votaram na plataforma C para lutar contra a diluição do NPA no neo-reformismo. Estes últimos foram despojados de seu congresso, portanto de uma parte significativa dos meios políticos da organização, em favor do grupo em torno de Philipe Poutou e Olivier Besancenot.

Não compartilhamos do objetivo desses setores de "continuar o NPA" nem a ideia de que a cisão não teria base política, mas o congresso do RP decidiu convocar estes camaradas o mais rapidamente possível para propor a abertura de uma discussão de balanço sobre o NPA e as tarefas do movimento revolucionário, bem como explorar as possibilidades de colaborações práticas. Seja no campo da luta de classes no contexto da preparação da luta contra a reforma da previdência, seja, quando surgir a oportunidade, por ocasião dos prazos eleitorais, essas colaborações poderão permitir avançar rumo ao objetivo de superar o projeto do NPA lutando pela refundação da extrema esquerda que esteja à altura dos desafios que nos esperam.

Traduzido do original Une novuelle organisation révolutionnaire est née! por Caio Silva Melo




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