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Eleições UERJ | O que a eleição para a reitoria na UERJ expressa sobre a estrutura de poder da universidade?

Análise da Faísca Revolucionária sobre o atual processo eleitoral na UERJ, as chapas concorrentes, e o papel do movimento estudantil na Universidade

quinta-feira 9 de novembro de 2023 | Edição do dia

Nas mobilizações que arrancaram o pagamento das bolsas atrasadas se escancarou os escândalos do orçamento secreto da Reitoria, es estudantes tiveram que enfrentar também a atual gestão do DCE, que protegeu a Reitoria e virou as costas para a luta. A confiança na institucionalidade corroborou com os atrasos das bolsas e os escândalos de corrupção, fortalecendo a extrema direita como se expressou na relação direta entre a Reitoria e o governo do Estado de Cláudio Castro. Enquanto estudantes mães e pais seguem sem creche, sem espaço de acolhimento voltado às crianças no período da noite, R$ 650 milhões teriam sido desviados com os escândalos que vieram a público chegando até o coordenador da campanha do ex-reitor da UERJ Ricardo Lodi (PT) que teria empregado cabos eleitorais do PL ao PSOL, inclusive com a suspeita de enriquecimento de um assessor do Carlos Bolsonaro (Republicanos).

Com esses diversos escândalos e o atraso das bolsas, a reitoria demonstrou que é uma instituição que não tem condições de gerir a universidade, servindo apenas para administrar os recursos da universidade à serviço de agradar empresários e políticos. Foi essa estrutura de poder que abriu espaço para escândalos enquanto es estudantes não tenham o mínimo. Se boa parte desses escândalos se deve a atual gestão Carneiro, do mesmo grupo de Ricardo Lodi, todas as gestões negam o direito a moradia estudantil, à espaços de acolhimento e creche, ao bandejão em outros campi e a R$ 2 e R$ 3 para quem recebe auxílio alimentação, ao bilhete único intermodal e intermunicipal, garantem o filtro social do vestibular e que não exista cotas trans, indígenas e pcd´s e proporcionais ao número de negros do Estado.

Todas as reitorias garantem o trabalho precário e terceirizado e nos momentos de crise descarregam a crise nas costas desses mesmos trabalhadores, como já vimos muitas vezes na UERJ.

Inclusive essa "revolução" propagada por Lodi, utilizada como parte da sua campanha eleitoral para se eleger deputado, é à base de auxílios que tem data para acabar, não fazendo parte da política de assistência estudantil da universidade e negociadas com Castro a partir da venda da CEDAE.

Não podemos nos enganar: nossos direitos na UERJ foram fruto de muita luta des estudantes, técnicos e professores, e a Reitoria quer fazer parecer como se fossem dádivas suas, e que a simples mudança de gestão pode resolver tudo. A verdade é que, além de receberem altos salários, são setores que têm interesses materiais próprios, que garantem no interior da universidade o conhecimento não sirva para os trabalhadores, o povo pobre, os negros, as mulheres, os LGBTQIAP+, mas sim para a parceria com a empresários, e, no caso da UERJ, parcerias como Segurança Presente, relação direta com a essa polícia que cotidianamente mata negros e pobres nas favelas. A Reitoria como instituição é a única responsável por instituir os auxílios por meio das Ato Executivo de Decisão Administrativa (AEDAs), atropelando o escasso poder de decisão do Consun (Conselho Universitário), tornando todas nossos auxílios frágeis de uma nova canetada,

Nas atuais eleições para reitor os estudantes, apesar de serem maioria, e a votação paritária, tem menos participação que técnicos e professores demonstrando um processo anti-democrático no interior de uma gestão da universidade que as burocracias acadêmicas decidem os rumos da UERJ.

No interior dessa votação restritiva, a atual Chapa 30 é a continuidade dessa reitoria que suja nossa universidade com os escândalos de corrupção com o apoio do atual DCE, e da política que se utilizou da estrutura da nossa universidade para beneficiar a reeleição de Cláudio Castro, fortalecendo a extrema direita dentro e fora da universidade, sendo responsável pelo atraso das bolsas e a Chapa 20 diretamente quer “fontes alternativas de financiamento”, em outras palavras, a busca pelo financiamento empresarial da UERJ, o que significa um primeiro passo rumo à privatização.

E por fim temos a chapa 10 que apesar de reunir um setor que se coloca nesse momento no campo de oposição, tendo uma parte do atual DCE e da “oposição”, como o PSOL, UP PSTU os apoiando, tendo um programa extremamente ilimitado, que tem como “eixo” a transparência dentro da universidade e que se propõe como teto máximo de campanha a manutenção dos auxílios e institucionalização em um programa estadual votado na ALERJ. Sabemos que mesmo para os auxílios se manterem e que o livro de contas seja aberto, o mínimo, devemos depositar confiança não na institucionalidade que foi o que gerou toda essa situação que fortalece a extrema direita na política e na UERJ, mas na nossa luta, na unidade entre estudantes, técnicos e professores em uma conjuntura em que o próprio Claudio Castro que atrasou bolsas não garante os pagamentos do ano que vem. Não podemos ficar atados a nenhuma reitoria, que vem demonstrando que são órgãos para garantir o interesse dos empresários e da extrema direita e que nos momentos de crise sempre se voltam contra os setores mais precários da universidade, mas sim confiar na nossa mobilização, na independência de nossas entidades em relação a toda essa estrutura de poder. Acompanhamos a indignação com a atual reitoria, mas chamamos es estudantes, técnicos e professores a não confiarem em nenhuma das chapas que se postulam no processo. Achamos que o posicionamento correto é o voto nulo e o rechaço a estrutura de poder anti-democrática da reitoria que demonstrou que atende aos interesses de empresários e da extrema direita, mas não aos nossos.

Nossa batalha não é escolher o menos pior entre os candidatos a uma reitoria que não atende nossos interesses, mas de batalhar para que o movimento estudantil seja independente para lutar por por auxílios no valor de um salário mínimo, por creches, bandejão para quem recebe o auxílio alimentação, pela efetivação dos trabalhadores terceirizados, por cotas trans, pcds e indígenas, por cotas proporcionais de negros em cada estado, contra o filtro social do vestibular e por uma universidade que conhecimento produzido esteja a serviço da classe trabalhadora e dos setores oprimidos. Lutando pela independência da reitoria, mas também em relação ao Governo Lula/Alckmin que gerou expectativas de “reconstruir o Brasil” após anos de devastação bolsonarista, no entanto, passado quase 1 ano o que se vê, é a manutenção dos ataques herdados do golpismo de Temer e do bolsonarismo. Este legado não será derrotado com a conciliação de classes do atual governo, que deu ministério para o Republicanos de Bolsonaro. A conciliação de classes, dentro e fora da UERJ, fortalece a extrema direita.

Batalhamos por uma estatuinte livre e soberana imposta pela nossa luta, que democratiza radicalmente a estrutura de poder da universidade. Num processo assim, que só pode ser imposto pela luta unificada de toda a comunidade acadêmica, batalhamos por uma gestão tripartite onde cada setor esteja representado de acordo com seu peso na comunidade acadêmica, ou seja, de maioria estudantil, que teria poder de reunir maioria de estudantes, técnicos e professores para discutir profundamente o conjunto dos problemas da UERJ, por uma universidade à serviço da classe trabalhadora, do povo pobre e de todos os setores oprimidos!




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