A capital da Colômbia foi surpreendida na tarde de quarta-feira por um protesto da comunidade indígena Embera. O governo "progressista" de Gustavo Petro reprimiu os manifestantes com o grupo Esmad
sexta-feira 21 de outubro de 2022 | Edição do dia
Um protesto no centro de Bogotá de indígenas Embera, expulsos de suas terras e exigindo atenção e melhoria de suas condições de vida, terminou nesta quarta-feira com repressão e mais de 20 feridos. Os indígenas exigiam condições de vida dignas no assentamento para o qual foram enviados meses atrás, onde não dispõem de serviços mínimos de água ou eletricidade.
O Secretário do Governo de Bogotá, Felipe Jiménez, destacou em um discurso marcado pela justificativa das forças repressivas, que "hoje vivemos um dia de violência injustificada no centro de Bogotá por vários representantes da comunidade Embera que se baseiam em alojamentos temporários em La Rioja".
¿Por qué salió ayer a protestar la comunidad embera ayer en Bogotá? Este video muestra lo que este pueblo está viviendo en el centro La Rioja, en Bogotá. Hacinamiento, enfermedades, mala alimentación, fueron parte de los incumplimientos del Distrito desde hace meses. ⬇️ pic.twitter.com/ULun0fGdb6
— Manifiesta Media (@ManifiestaMedia) October 20, 2022
A Prefeitura da capital colombiana garantiu que desde a manhã já havia estabelecido uma mesa de diálogo para ouvir suas reivindicações e “resolver rapidamente” o problema apresentado, mas a comunidade Embera continuou os protestos “e bloqueou a entrada e saída de vários edifícios da cidade”.
No entanto, organizações de direitos humanos denunciaram que a Polícia e o Esquadrão Móvel Anti-Motim (Esmad), com um longo histórico de abusos e coações ilegais, chegou em frente ao Edifício Avianca, no centro, onde havia mulheres grávidas, meninas e meninos que estavam se manifestando pacificamente.
Soy Reportero de @Noti_Space en estos momentos el esmad ataca a los embera por exigir sus derechos y la alcaldesa Claudia López les envía el esmad, le hacemos un llamado urgente al presidente para que le dé la orden de retirar el esmad.@petrogustavo,@ClaudiaLopez. pic.twitter.com/ssXVBfePie
— Raulernesto Gomez Ci (@CiRaulernesto) October 19, 2022
Isso causou vários feridos, enquanto alguns grupos de manifestantes começaram a atacar a polícia com pedras. A Prefeitura assegurou que a polícia interveio para “recuperar a área”, mas que nos confrontos sete gerentes de convivência, outras cinco pessoas, 11 policiais e um membro do representante legal ficaram feridos “em consequência de violência injustificada”. Além disso, o porta-voz acrescentou que "a polícia está fazendo progressos na captura e julgamento de cada um dos responsáveis", e que já existem dois detidos.
Por sua vez, o presidente “progressista” Gustavo Petro expressou sua solidariedade com a Polícia ao ir com a imprensa ao hospital onde alguns homens fardados estavam sendo atendidos após a repressão.
Luego del cumplimiento de la agenda regional en Turbo y Barrancabermeja, el Presidente @PetroGustavo visitó a los miembros de la @PoliciaColombia que se vieron afectados por las protestas en el centro de Bogotá. pic.twitter.com/C9br0jiCN8
— Presidencia Colombia 🇨🇴 (@infopresidencia) October 20, 2022
Expulsos, enganados e reprimidos
Há meio ano, mais de mil indígenas que estavam acampados há meses no Parque Nacional Central de Bogotá concordaram em se mudar, mas as autoridades não deram uma solução para os problemas de saúde, moradia e educação que encontraram neste novo destino. Por isso, depois de muitas reivindicações anteriores, alguns desses indígenas que foram deslocados de outras áreas da Colômbia devido ao narcotráfico ou ao agronegócio, saíram hoje para protestar no centro da cidade.
"Somos vítimas vulneráveis, não temos subsídios, não temos nada", disse Rosmira Campo, líder indígena Embera expulsa do departamento de Risaralda. Famílias inteiras, com crianças pequenas e gestantes, permaneceram oito meses no parque em condições desumanas, vivendo entre barracas improvisadas, onde o clima intempestivo de Bogotá causou surtos de doenças e houve mais de uma morte por atropelamento nas proximidades e duas crianças que morreram de problemas cardiorrespiratórios.
Após esse período, o governo de Bogotá ofereceu-lhes uma realocação para o bairro de La Rioja e outros subúrbios, mas lá encontraram superlotação, falta de acesso à água potável e eletricidade, além de outras condições insalubres.