O Centrinho, como é conhecido o Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC) de Bauru está passando por um ataque sem precedentes.
terça-feira 15 de março de 2022 | Edição do dia
Em 2014, durante a gestão do Reitor Zago, o Conselho Universitário aprovou a desvinculação do HRAC da USP pela via de uma manobra da então Diretora da Faculdade de Odontologia de Bauru e ex-candidata à vice-Reitoria da USP, a Professora Maria Aparecida, conhecida como Cidinha. Nesse mesmo Conselho, o objetivo da Reitoria era aprovar o desvínculo do Hospital Universitário de São Paulo (HU), mas não teve sucesso devido à forte mobilização da comunidade acadêmica, diante disso, Cidinha colocou em votação a desvinculação do HRAC, sendo aprovado por uma margem extremamente pequena de votos.
A desvinculação do HRAC da USP tem como objetivo a entrega de sua gestão à Organizações Sociais, além do desmonte de suas atividades, prejudicando à assistência à saúde em uma área de atuação de muito pouco acesso no Brasil, e no qual o Centrinho é uma referência nacional, que são as cirurgias de reabilitação de anomalias craniofaciais. O grande absurdo é que não são quaisquer organizações sociais que estão disputando como corvos a gestão do Centrinho, uma delas é a Fundação da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Fundação essa que é administrada pelos professores da própria unidade de ensino do Zago.
Já em 2017, o mesmo CO aprovou a criação do curso de Medicina e, agora, a implantação da Faculdade de Medicina - necessária para que os estudantes possam obter diploma ao final da graduação - está condicionada à transferência, para o Estado, da gestão e custeio de todo o complexo do Hospital das Clínicas (HC), que incluiu o próprio Centrinho. Se esta mudança realmente se efetivar, os funcionários do HRAC passarão a ser submetidos às diretrizes da Organização Social de Saúde (OSS), instituição privada que está em vias de ser contratada.
Desde então vários setores têm denunciado o significado absurdo desse desvínculo e apontado a importância do HRAC. Esse ano vários setores da comunidade da USP e também de Bauru, moradores e pacientes, tem se mobilizado pra reverter essa decisão do Conselho Universitário da USP. No último Conselho Diretor de Base do Sindicato dos Trabalhadores da USP (SINTUSP) foi aprovada uma forte campanha pela revogação da desvinculação do HRAC.
E nesta quarta-feira, dia 16/03, às 9h da manhã, vai ocorrer uma Audiência Pública na Câmara Municipal de Bauru, que será transmitida de maneira híbrida, em que foram convidados, entre outros nomes, o reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti; o superintendente do Centrinho, professor Carlos Ferreira dos Santos; a ex-superintendente do hospital, professora Maria Aparecida de Andrade Moreira Machado; o secretário executivo da Secretaria de Estado da Saúde, Eduardo Ribeiro Adriano, e o titular da pasta, Jean Gorinchteyn; e os deputados estaduais Carlos Giannazi (PSOL) e Professora Bebel (PT).
Chamamos todos os trabalhadores e trabalhadoras da USP a acompanhar essa audiência e a fortalecermos a campanha pela revogação da desvinculação do HRAC, em defesa da saúde e dos empregos!
