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UFPE | Como seguir a luta por um RU de qualidade, estatal, com preço acessível e sem trabalho precário?

Durante todo o ano passado, foram inúmeros os casos de intoxicação alimentar, parafusos e larvas na comida; uma estudante chegou a cortar a boca com um objeto e, recentemente, a empresa General Goods, junto à REItoria (que sempre grafamos assim para lembrar que REItor e REItoria derivam de REI), demitiram 20 trabalhadores do RU; além disso, o trabalho terceirizado e a precarização do trabalho seguem existindo não só no RU, mas em toda a universidade. É um grande absurdo que uma empresa e REItoria responsáveis por tantos casos terríveis como esses estejam demitindo seus funcionários, justamente na capital com mais desemprego no Brasil.

sexta-feira 2 de fevereiro | 16:31

Esse cenário humilhante é resultado de anos da conivência da gestão do DCE “Todas as Vozes” (PDT, PSB, Levante, UJS e PT) com a empresa e a REItoria, onde mesmo com esses casos acima citados, não foi organizada, nem sequer, uma assembleia geral des estudantes para organizar a luta por um RU de qualidade. A política adaptada do “Todas as Vozes”, que é aliada da REItoria, é a mesma da direção majoritária da UNE, que serve somente para travar a luta dos estudantes; enquanto o governo Lula-Alckmin passa cortes na Educação e ataques como o Novo Ensino Médio.

Sabemos que a REItoria serve como um administrador dos ataques do governo burguês de Lula-Alckmin na universidade, que não só manteve os cortes do governo Bolsonaro, como também está operando cortes milionários na saúde e educação desde o ano passado. Isso se reflete na estrutura precária da universidade, com falta de ar condicionado, prédios com rachaduras, falta de bebedouros, falta de creches, bolsas de permanência e um longo etc.

Esta é a mesma REItoria que emitiu um comunicado cínico em sua página no Instagram dizendo que “identificou os problemas” a partir da inspeção da vigilância sanitária e “tomou as medidas necessárias”, como se tanto ela quanto a empresa estivessem dispostas a resolver a questão da qualidade da comida do RU; isso não passa de uma mentira cretina e deslavada: a General Goods coleciona várias denúncias de intoxicação alimentar dentro e fora da universidade, e quando mais de 1000 estudantes passaram mal por conta da comida estragada, a REItoria colocou a culpa nes estudantes pela contaminação dizendo que “eles não lavam as mãos”!

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Queremos abrir um diálogo com todes aquelus que querem de fato lutar por um RU de qualidade e que não aguentam mais passar mal por conta da comida, vivendo na incerteza de quando encontrão larvas ou passarão mal novamente.

Nós da Faísca Revolucionária viemos impulsionando uma campanha por um RU de qualidade, estatal, sob controle de quem trabalha nele, com preço acessível e sem trabalho precário. Colando cartazes pela universidade, participando de atos e ações com os estudantes na porta do RU, exigindo que UNE rompa com sua paralisia e convoque assembleias de estudantes para organizar nossa luta; assim como exigindo à UEPE (dirigida pela UP/Correnteza) que também segue a mesma política de imobilizar a luta estudantil.

Foi nesse sentido que nós estudantes das ciências sociais e militantes da Faísca Revolucionária impulsionamos junto a mais de 100 estudantes um abaixo-assinado exigindo ao DACS composto pelo Mangue Vermelho, UJC e estudantes independentes, que fizesse uma assembleia para organizar a luta por um RU de qualidade, por permanência estudantil e contra o Novo Ensino Médio. Infelizmente a assembleia foi mal construída e mal divulgada pelo DACS, o que impossibilitou que o curso de ciências sociais pudesse dar início a uma forte campanha de luta que pudesse servir de exemplo para os outros cursos.

Com esse mesmo objetivo de impulsionar a auto-organização desde as bases, através de organismos democráticos como as assembleias, atuamos no Comando de Lutas composto em sua maioria por DAs dirigidos pelo Mangue Vermelho (Matemática, Cinema, Ciências Sociais e Filosofia), outros diretórios e estudantes independentes. Mas - o que não nos surpreende - a política dos DAs dirigidos pelo Mangue Vermelho tão pouco é a de fazer assembleias e incentivar a auto-organização para massificar a luta estudantil. Ao contrário, têm usado o Comando de Lutas para justificar ações isoladas, vanguardistas (como a tentativa de ocupar a REItoria com apenas 15 pessoas), sem nenhuma preocupação de mobilizar es estudantes que não estão organizades.

Isso impede que mais estudantes possam participar da luta por um RU de qualidade, de ouvir as demandas des estudantes e, principalmente, massificar a luta. Além disso, a luta que vem sendo dada até agora é apenas reativa a cada novo absurdo, com as forças se perdendo a cada nova tentativa de mobilização. Por isso, nós da Faísca Revolucionária viemos defendendo a necessidade de que esses DAs se comprometam em convocar assembleias de base, onde cada estudante tenha direito a voz e voto, para que através da auto-organização es estudantes possam tomar a luta em suas mãos.

Além disso, achamos que é um erro defender a política de “quebra de contrato” e de “Fora General Goods”, que significa trocar esta empresa por outra empresa, como defendem os companheiros do Mangue Vermelho e o Todas as Vozes. Não podemos vender a mentira de que colocar outra empresa no lugar da General Goods vá mudar a situação, pois a nova empresa, como qualquer outra empresa no capitalismo, estará preocupada apenas com os lucros, não com a qualidade do serviço prestado aes estudantes. O pior de tudo, ainda por cima, é que a política de quebra de contrato e de trocar a empresa, coloca nas mãos da REItoria a rescisão do contrato e a escolha da nova empresa. Contra isso, defendemos a estatização do RU, sob controle de quem trabalha nele e des estudantes, para que nenhuma empresa lucre com trabalho terceirizado, e para que o RU esteja a serviço da comunidade acadêmica e não dos lucros capitalistas.

Sem falar que não podemos aceitar que o resultado da nossa luta seja a demissão de trabalhadores do RU que hoje são contratades pela General Goods, como vem acontecendo. Mesmo a Faísca Revolucionária e inúmeres outres estudantes chamando a atenção para isso - inúmeras vezes - no Comando de Lutas, os companheiros do Mangue Vermelho nem sequer mencionam o problema da terceirização e trabalho precário nas publicações e nas bandeiras de luta em relação ao RU. É necessário lembrar que es trabalhadores precáries são, justamente, o setor que mais sofre com a reforma trabalhista e a tercerização irrestrita - mantidas pelo governo burguês de Lula-Alckmin. Por sua condição precária estus trabalhadores sofrem inúmeros assédios e podem ser demitides a qualquer momento sem seus direitos, como foi agora na demissão de 20 trabalhadores. Somos contra o trabalho precário e terceirizado na universidade, feito por uma maioria de trabalhadores negres, e por isso defendemos que a estatização do RU aconteça com a incorporação de todes es trabalhadores terceirizades sem a necessidade concurso público.

A situação do RU também está como está por conta da forma antidemocrática como funciona a universidade, onde nem sequer temos o direito de votar para escolher o REItor. Na realidade, es estudantes só podem participar de um conselho díspar e anti-democrático, onde professores têm 75% de proporção, e funcionáries e estudantes, apenas 25%, ou seja; es estudantes que comem diariamente no RU simplesmente não podem decidir como ele vai funcionar ou não. Temos que questionar a estrutura de poder da universidade, defendendo uma gestão com peso proporcional aos setores que compõem a comunidade universitária, com maioria estudantil, extinguindo de uma vez por todas a REItoria. Isso passa por impor uma Estatuinte Universitária Livre e Soberana.

Para alcançarmos nossa demandas precisamos nos organizar através de assembléias democráticas, massivas, que construam greves de estudantes (como vimos no ano passado na USP e na UNICAMP), utilizando nossos métodos de luta como bloqueios de rodovias, atos, contando com a participação massiva des estudantes. A sociedade capitalista e a REItoria nos querem pulverizades, separades; sabem que quando construímos nossa luta de forma unitária, em aliança com es trabalhadores, podemos conquistar essas demandas e muito mais.




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