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Educadores municipais SP | Construir a greve e confiar em nossas forças contra a precarização de Nunes e por nossas demandas

É Greve! Em Assembleia, na última sexta-feira 08/03, os educadores municipais da cidade de São Paulo, organizados junto ao SINPEEM, SEDIN e SINESP, aprovaram greve, contra o projeto de precarização da educação do prefeito Nunes (MDB), rejeitando as migalhas oferecidas pelo governo, por valorização salarial e contra o confisco dos aposentados.

segunda-feira 11 de março | 16:19

Nessa data tão emblemática para a luta das mulheres e do conjunto dos trabalhadores, a nossa categoria formada por uma imensa maioria feminina escolheu o caminho da greve e da mobilização para se enfrentar com Nunes para arrancar nossas demandas. Nos inspiremos na luta dos metroviários de São Paulo dando exemplo no enfrentamento aos ataques e privatizações de Tarcísio, e na grandiosa luta dos trabalhadores e população argentina que vem demonstrando nas ruas a força do combate ao reacionário Milei.

Nossa batalha acontece em um momento político bastante importante, em que Nunes busca se reeleger para dar continuidade ao seu projeto reacionário, privatista e de ataques aos trabalhadores e seus interesses na cidade de São Paulo, que teve como um de seus primeiros movimentos a aprovação do SAMPAPREV 2, aprofundando ainda mais os ataques de seus antecessores, Covas e Doria, e que agora ataca os mais mínimos direitos das mulheres impedindo a realização de abortos previstos em lei. E o atual prefeito, em sua empreitada, é apoiado por Bolsonaro e tem como seu fiador ninguém menos que o governador da extrema direita Tarcísio de Freitas (Republicanos), de quem é parceiro na privatização da Sabesp e também nos projetos de precarização da educação. No último período, vimos Nunes atacar as condições de trabalho nas escolas, especialmente dos trabalhadores mais precários como é o caso do quadro terceirizado da cozinha e limpeza, também retirando direitos do quadro efetivo como a redução das faltas abonadas, e não escondendo de ninguém que, não fosse nossa resistência já teria implementado um desmonte de nossas carreiras com o subsídio. Esta é a realidade dos educadores e da educação na rede municipal que muitos de nós sentimos na pele ou vemos nossos colegas sofrerem. O caminho para derrotar esse projeto e conquistar nossas demandas é o da greve e da mobilização a partir de cada escola, buscando a unidade com o conjunto do funcionalismo e trazendo a população para nosso lado.

Mas se estamos discutindo politicamente nossa greve no estado e na cidade de São Paulo, é fundamental discutirmos também do ponto de vista nacional com o governo da frente ampla de Lula-Alckmin, que aqui na cidade será representado pela chapa Boulos-Marta nas próximas eleições municipais. Essa frente ampla, que é a expressão do que chamamos de conciliação de classes, vem demonstrando que não será um contraponto aos ataques e precarização das nossas vidas. Pelo contrário, não revogou ataques como a Reforma do Ensino Médio, mas fez um remendo que mantém a essência da reforma de Temer. Não revogou a Reforma Trabalhista, mas acabou de aprovar um PL que propõe não extinguir o trabalho uberizado precário, mas regulamentar esse mecanismo de exploração dos trabalhadores. E, de forma ainda mais gritante, vimos recentemente que o próprio Governo Lula é financiador dos projetos privatistas de Tarcísio, como a linha 7 da CPTM. Ou seja, a conciliação com os interesses dos grandes empresários e dos nossos inimigos de classe não é o que nós, trabalhadores, precisamos para arrancar nossas demandas e derrotar os ataques, mas acaba justamente por fortalecer a extrema direita.

Por tudo isso, reafirmamos que a nossa greve e a mobilização nas ruas é o único caminho capaz de combater e derrotar o projeto de precarização da educação de Nunes e conquistar nossas reivindicações, como a valorização salarial, contra o confisco de nossas aposentadorias, mas também combater a terceirização que divide nossas fileiras dentro das escolas e abocanha parte da nossa rede com as unidades conveniadas. Precisamos confiar em nossas próprias forças sem conciliação e sem canalizá-las meramente na pressão parlamentar.

Nesse sentido, os professores que estão ingressando, após mais de um ano enfrentando idas e vindas com o concurso da FGV, precisam ter claro desde já que enfrentarão inúmeras batalhas. A manutenção dos direitos e salário da categoria é fruto de muitas greves de gerações seguidas que vieram antes de nós e não permitiram que os governos precarizassem ainda mais o trabalho dos professores municipais. Afinal de contas vemos na nossa rede como vem avançando como a precarização do trabalho. as trabalhadoras terceirizadas de limpeza e cozinha são um exemplo claro disso, mas além disso a maior parte das creches são terceirizadas, com educadoras com menos direitos e estrutura pior. Além disso temos verdadeiros professores itinerantes que cobrem várias escolas por DRE. Não podemos permitir que esse projeto de precarização que teve grande impulso com as reformas do Ensino Médio e trabalhista avancem ainda mais. A greve de agora e as próximas batalhas que já se desenham no horizonte deixam claro o cenário: é preciso lutar! Nossos direitos e a educação pública de qualidade, mais do que nunca, dependem da nossa mobilização.

Nossa greve se inicia com uma contradição, que é a divisão implementada pelas direções de nossos sindicatos entre o conjunto do funcionalismo em luta. Na ultima sexta-feira, que marcou o início de nossa greve, as demais categorias do funcionalismo também fizeram uma assembleia. Mas Claudio Fonseca e os representantes da SEDIN e SINESP aturam para nos separar. Isso vai na contramão de algo fundamental para fortalecer nossa luta que é a unidade dos trabalhadores para atuar com um só punho por nossas demandas comuns. Nesta semana, está colocado um cenário decisivo para os próximos passos do desenvolvimento da nossa luta, que pode colocar Nunes contra a parede se massificada, ampliada e coordenada com ações conjuntas e organizadas pela base de todo o funcionalismo municipal mobilizado. Neste sentido, a linha de divisionismo joga contra a unificação da nossa força. Em assembleia realizada essa terça, 12/03, os setores do funcionalismo ligados ao Fórum das Entidades (que reúne o Sindsep, Aprofem, entre outros sindicatos importantes do funcionalismo) também aprovou greve. Enquanto as entidades da COEDUC chamam assembleia para quarta-feira. Os demais setores do funcionalismo terem aprovado greve torna ainda mais urgente a unificação de todos os sindicatos e categorias municipais na greve, em uma assembleia unificada, construída desde a base, nesta semana!

Além disso, precisamos da mais ampla democracia. Que em todas as assembleias a base da categoria tenha todo direito de vez e voz para ser ouvida, propor e decidir os rumos de nossa luta. É fundamental que nossos sindicatos, especialmente o SINPEEM, o maior da categoria, garantam todas as condições e apoio material para os comandos de greve em cada região possam atuar construindo e fortalecendo nossa greve a partir das escolas, lado a lado da comunidade escolar. Junto disso, precisamos de um comando de greve geral que reúna representantes de cada região para que cada passo de nossa greve seja decidido por nós.

Vem chamando atenção o silêncio estarrecedor da grande mídia e imprensa sobre a luta da nossa categoria, que neste momento paralisa as atividades em diversas regiões num serviço fundamental como a educação no maior centro urbano do país. Isto tem apenas um objetivo: buscar isolar nossa mobilização, que tem o potencial de gerar profunda solidariedade entre as famílias trabalhadoras e comunidades escolares, que também amargam os ataques da extrema direita de Nunes e Tarcísio em São Paulo, e cujo apoio pode ser decisivo contra o governo. Em meio à conjuntura eleitoral marcada por candidaturas cada vez mais comprometidas com os interesses privatistas do empresariado paulista, inclusive na educação, nossa greve se coloca claramente como um risco para os cálculos eleitorais dos que pretendem governar junto aos setores da direita. Também neste sentido, é no mínimo estranho que figuras como Guilherme Boulos ainda não tenham se posicionado em apoio aberto à nossa mobilização. Para romper com o cerco da grande mídia e ampliar o apoio popular à nossa luta, também é fundamental que Boulos e partidos com a projeção como tem o PSOL coloquem todos seus recursos políticos, seu alcance midiático e seu espaço nos meios de comunicação a serviço da greve e de impulsionar a mobilização.

Nossa próxima assembleia está marcada para quarta-feira 13/03, em frente à Prefeitura. Até lá, todas e todos nós precisamos construir e fortalecer a greve em cada escola e marcar presença na assembleia para decidirmos os próximos passos de nossa luta. Nós do Nossa Classe Educação somos um coletivo de luta formado por educadoras e educadores, professoras, ATEs que atua na nossa e em outras redes. Vamos ombro a ombro junto com cada trabalhador e trabalhadora batalhar para construir e fortalecer nossa greve. E estamos à disposição para quem quiser nos conhecer e pedir ajuda em suas escolas. Vejam nossas redes sociais:

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