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Violência policial | Há 30 anos da Chacina de Vigário Geral, operações policiais dos governos mancham de sangue negro as notícias diárias

Há 30 anos da Chacina de Vigário Geral, as novas chacinas que mancham de sangue negro as notícias diárias, principalmente em São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro, deixam explícita a responsabilidade dos governos e do Estado capitalista pela morte de cada uma das vítimas.

terça-feira 29 de agosto de 2023 | Edição do dia

FOTO: Reprodução/TV Globo

Em 29 de agosto de 1993 aconteceu o crime conhecido como Chacina de Vigário Geral, em que a polícia assassinou covardemente 21 moradores da comunidade da Zona Norte do Rio de Janeiro, invadindo um bar, uma casa, e atirando a esmo pelas ruas. Familiares das vítimas relatam que a dor pela perda continua diariamente e que a justiça não foi feita. Dos 52 policiais denunciados pela chacina, apenas 7 foram condenados.

Neste 29 de agosto de 2023, os dados sobre chacinas e mortes por operações policiais, principalmente nos estados de São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro, oferecem o retrato revoltante do dia a dia do racismo incrustado no sistema capitalista e herdeiro da burguesia escravocrata brasileira, perpetuado através da mão armada do Estado.

Em São Paulo, a morte de um adolescente de 15 anos entra para a lista de 23 mortes na Operação Escudo, ação policial do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) na Baixada Santista. Em um mês de atuação, Escudo já é a operação da Polícia Militar paulista mais letal em mais de 30 anos, desde o Massacre do Carandiru, e não tem prazo para acabar por parte do governo.

Os moradores da Baixada Santista começam a abandonar suas casas por causa do terror imposto pela polícia. Eles relatam que as mortes são seguidas de ameaças e constantes patrulhamentos da polícia nos locais de moradia das testemunhas, para impedir que denúncias sejam feitas. Mesmo assim já ocorreram denúncias de práticas de tortura, e até a última sexta-feira (25), 621 pessoas foram presas. O reacionário Tarcísio de Freitas diz que “não há evidências de abusos” e que a ação policial é “proporcional às agressões”, sendo que desde o início da operação 2 policiais ficaram feridos.

Na Bahia, com governo de Jerônimo Rodrigues do PT, os dados sobre a violência policial são estarrecedores: em apenas uma semana, entre 28 de julho e 6 de agosto, foram 31 mortes pela polícia, e 64 apenas no mês de julho, com pelo menos 4 ações policiais letais em diferentes localidades. O governador ficou 9 dias sem fazer nem um único comentário sobre os casos de violência policial desde 29 de julho, em que 7 pessoas foram mortas em uma operação em Jauá, praia da cidade de Camaçari.

A gestão passada de Rui Costa (PT) na Bahia, hoje ministro da Casa Civil do governo Lula-Alckmin, foi marcada pelo aumento do número de mortes pela polícia, que saltou de 354 para 1.464 em média por ano entre 2015 e 2022, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O recente assassinato da líder quilombola Maria Bernardete Pacífico, em Salvador, mobilizou centenas de pessoas em atos por várias capitais do país

Já o Rio de Janeiro, do governo bolsonarista de Cláudio Castro (PL), famoso por negar chacinas e elogiar as polícias, apenas neste mês de agosto estampou a morte de pelo menos 2 crianças pela brutalidade policial. Eloá Passos, de 5 anos, foi atingida dentro de casa por um tiro da polícia em repressão a uma manifestação de moradores da Cova da Onça, no Dendê, contra o assassinato de outras 2 pessoas pela violência policial, assim como aconteceu na Cidade de Deus com a morte de Thiago, de 13 anos.

Flávio Dino, ministro da Justiça do governo federal de Lula-Alckmin, percorreu o país nos últimos meses com o programa Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania), e o principal acordo foi assinado com o asqueroso Cláudio Castro e sua polícia, com investimentos em armas, bombas, caveirões, viaturas e dois novos presídios. Junto à recente aprovação do Arcabouço Fiscal, o novo teto de gastos que afeta sobretudo a população negra e pobre, o aumento do investimento à repressão do Rio de Janeiro por parte do governo federal é uma demonstração cabal de como a conciliação de classes da frente ampla fortalece a extrema-direita e a violência policial racista.

Há 30 anos da Chacina de Vigário Geral, as novas chacinas que mancham de sangue negro as notícias diárias deixam explícita a responsabilidade dos governos e do Estado capitalista pela morte de cada uma das vítimas. A todas as vidas arrancadas pela violência policial racista, prestamos nossa homenagem e batalhamos para transformar o luto em luta, para vingar cada nome, cada sonho perdido. Basta de chacinas: pelo fim das operações policiais e da polícia, pela legalização das drogas contra a guerra ao povo negro e periférico!

Aos 21 trabalhadores e trabalhadoras vítimas da Chacina de Vigário Geral e todas as vítimas da violência policial: PRESENTES!

• Adalberto Souza – ferroviário;
• Amarildo Bahiense – frentista;
• Cléber Marzo Alves – gráfico;
• Clodoaldo Pereira da Silva – industriário;
• Edmilson Prazeres da Costa – mecânico;
• Fabio Pinheiro Lau – estudante;
• Gilberto Cardoso dos Santos – vigia;
• Guaraci de Oliveira Rodrigues – auxiliar de enfermagem;
• Hélio de Souza Santos – metalúrgico;
• Jane Silva dos Santos – dona de casa;
• Joacir Medeiros – comerciante;
• José Santos – serralheiro;
• Lúcia Silva dos Santos – costureira;
• Lucinéia da Silva Santos – metalúrgica;
• Luciene da Silva Santos – estudante;
• Lucinete da Silva dos Santos – recepcionista;
• Luciano Silva dos Santos – gráfico;
• Luis Claudio Feliciano – auxiliar administrativo;
• Paulo Roberto dos Santos Ferreira – motorista;
• Paulo César Gomes – pedreiro;
• Rúbia dos Santos - gráfica.

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