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Candidaturas MRT | O que defendem os candidatos Marcello Pablito e Maíra Machado?

Estamos há poucos dias das eleições e conhecer exatamente quais são as propostas e pontos de programa de cada candidato é muito importante. Nesta matéria entrevistamos Marcelo Pablito, trabalhador da USP e candidato a deputado federal e Maira Machado, professora e candidata a deputada estadual, que nos disseram quais são suas principais propostas e ideias para combater frontalmente o Bolsonarismo, as reformas e para unir a classe trabalhadora sem aliança com a direita e os patrões.

quinta-feira 29 de setembro de 2022 | Edição do dia

Esquerda Diário: Nós estamos em um momento muito difícil para a classe trabalhadora e o povo pobre com a situação avassaladora que o governo de Bolsonaro gerou. Quais propostas vocês têm para enfrentar essa situação?

Marcello Pablito: A primeira questão que temos que encarar sobre isso é que o ponto “zero” de qualquer programa classista precisa começar pela revogação de todas as reformas que massacram os trabalhadores todos os dias. Por isso, partimos de que para enfrentar contundentemente o Bolsonarismo é necessário lutar com toda a força pela revogação da reforma trabalhista e da reforma da previdência, mas também contra a lei da terceirização irrestrita, do teto de gastos, e de todas as privatizações.

Maira Machado: Esses ataques são resultado do golpe institucional de 2016, uma articulação entre o imperialismo norte-americano, o judiciário, a bancada ruralista, a cúpula evangélica, as forças armadas e toda a direita para levar adiante ataques ainda mais profundos do que o PT vinha fazendo em seus governos. Nos debates temos visto como as expressões mais citadas são “privatização”, “parceria público privadas”, “empreendedorismo”. Para nós isso só mostra ainda mais a importância de candidaturas que se colocam frontalmente contra todos os ataques e reformas.

ED: E sobre o desemprego e a carestia de vida?

Maira Machado: Os índices de desemprego têm batido recordes nunca vistos e isso é fruto dos ataques à nossa classe. Isso é parte dos planos dos patrões para impor que a crise seja transferida para os trabalhadores e que “novas relações de trabalho” ganhem força. Ao mesmo tempo que cresce o desemprego, cresce a quantidade de jovens que são jogados para a uberização e na escola nós professores vemos isso todos os dias, nossos alunos fazendo de tudo para complementar a renda familiar em cima de uma bicicleta faça sol ou chuva.

Marcello Pablito: Por isso nós lutamos para que o desemprego e a fome sejam enfrentados desde a raiz. Os políticos da ordem enchem a boca para falar contra o desemprego, mas só dizem hipocrisias. A única forma de enfrentar o desemprego é lutar pela redução da jornada de trabalho sem a redução de salários, unindo na mesma luta empregados e desempregados. Como podemos ver na pesquisa apresentada pelo Esquerda Diário, se reduzirmos a jornada de trabalho para 30 horas semanais já seria possível gerar mais de 5 milhões de postos de trabalho. Essa é nossa proposta imediata; trabalhar todos, trabalhar menos, reduzir as horas pelo fim do desemprego! Conectado a essa demanda também defendemos o imediato reajuste salarial de acordo com a inflação. Só assim podemos fazer com que sejam os capitalistas que paguem pela crise!

Maira Machado: O desemprego e a uberização se somam a cenas lamentáveis de trabalhadores em filas do osso ou procurando comida em carros de lixo. Por isso também defendemos uma reforma agrária radical e a expropriação da grande indústria do agronegócio, para que a produção de alimentos não esteja voltada para enriquecer os grandes proprietários de terra, mas sim a serviço de acabar com a fome em todo o país.

ED: O governo Bolsonaro representa um setor que odeia as mulheres, os negros, os indigenas e os LGBTQIA+. Como podemos fortalecer a luta desses setores?

Marcello Pablito: Bolsonaro, seu governo e seus aliados são agentes diretos tanto das políticas que acabam com os mínimos direitos dos setores oprimidos como da campanha de ódio que já gerou mortes como a do Mestre Moa e do Genivaldo. Não podemos aceitar isso, para nós o enfrentamento nesses casos se da unindo as lutas dos trabalhadores a de todos os setores oprimidos; é isso que fazemos nos nossos locais de trabalho construindo secretarias como a de Negros e Negras e a de mulheres do SINTUSP.

Maria Machado: Para nós o fortalecimento dos setores oprimidos passa em primeiro lugar poder defender claramente as pautas que mais nos afligem. Por isso levantamos a luta pelo direito ao aborto legal, seguro e gratuito, para que as mulheres possam decidir e não entrem nos índices alarmantes de mortes por abortos clandestino. Respondendo a demagogia do feminismo burguês que mente para as mulheres com o mito do "empreendedorismo feminino” nós denunciamos a dupla e tripla jornada de trabalho que joga as mulheres, especialmente as mulheres negras, em níveis de precarização absurdas de trabalho. Justamente por isso também defendemos a igualdade salarial entre negros e brancos, homens e mulheres. E por isso também não podemos deixar de dizer que o PT passou 16 anos no governo e nunca levantou de fato essas demandas.

ED: E como podemos colocar em prática todas essas questões?

Maria Machado: Para nós o único caminho é pela luta de classes, nossas candidaturas estão a serviço de combater frontalmente o Bolsonarismo, as reformas e para unir a classe trabalhadora sem aliança com a direita e os patrões. Ainda que Bolsonaro seja derrotado nas urnas, o bolsonarismo seguirá existindo como força social reacionária no país. A cada dia que passa vemos alguma notícia de um novo ataque incentivado pelo discurso de Bolsonaro, para combater de verdade a extrema direita é preciso dar uma resposta contundente a cada atentado, a qualquer ameaça golpista e para isso é preciso exigir das centrais um plano de luta imediato com greves e manifestações. A organização da nossa classe é decisiva.

Marcello Pablito: Nós compreendemos todos os trabalhadores e jovens que querem depositar seu voto criticamente para o candidato que tem mais chances de derrotar Bolsonaro, mas alertamos que é preciso batalhar desde já por uma política de independência de classe. O PT e diversos setores do PSOL estão seguindo um caminho abraçados com representantes da direita brasileira como Alckmin, uma grande aliança com setores burgueses que querem manter todos os ataques contra nossa classe. Nossas candidaturas estão a serviço de mostrar que existe outro caminho, o de confiar na classe trabalhadora.

Em síntese nossas principais propostas programáticas são:

  • Revogação de todas as reformas e ataques
  • Reajuste salarial de acordo com a inflação
  • Redução da jornada de trabalho sem redução de salários
  • Fim da terceirização e uberização
  • Reforma urbana radical
  • Reforma agrária radical e a expropriação da grande indústria do agronegócio
  • Igualdade salarial entre negros e brancos, homens e mulheres
  • Aborto legal seguro e gratuito
  • Unir a classe trabalhadora contra Bolsonaro e os ataques, sem aliança com a direita e os patrões.



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