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USP | Todos ao ato dos estudantes de Artes Visuais USP: Chega de precarização, precisamos de mais professores!

Com poucos dias para as voltas às aulas na USP, os estudantes do curso de Artes Visuais foram notificados que ⅓ da grade foi cancelada sem qualquer aviso prévio.

terça-feira 8 de agosto de 2023 | Edição do dia

Os estudantes do curso de Artes Visuais da USP receberam a notícia, há pouco tempo das voltas às aulas, que 3 professores temporários tiveram a renovação de contrato negado pela USP, resultando em ⅓ das disciplinas que deveriam ser oferecidas durante o semestre canceladas. Esse cenário absurdo é uma agravamento da situação já precária de falta de contratação de professores na Escola de Cultura e Artes da USP (ECA). Há uma falta grande professores na ECA, afetando cursos como Artes Visuais, Música, Artes Cênicas, Jornalismo, Editoração, Turismo, com disciplinas e habilitações sendo fechadas e mesmo com cursos com perigo constante de terem seu fim próximo. Para além disso, diversos professores estão para se aposentar, enquanto a USP segue contratando professores temporários, com contratos extremamente precários e sem qualquer garantia de seus empregos, como ficou demonstrado com o caso de agora. Sem perspectiva de efetivação dos temporários ou de mais contratação de professores, a USP promove a precarização dos cursos de comunicação e artes.

A falta de professores, diferente de ser um caso isolado, é parte da precarização de conjunto que a reitoria vem levando na USP. Diversos cursos sofrem com a falta de professores, como levantaram os estudantes da EACH no último semestre, quando ocuparam a EACH exigindo garantia de professores e de permanência estudantil. Da mesma forma fica evidente o avanço do trabalho precário pela reitoria, com o avanço da terceirização e dos contratos temporários. Agora, também foram cortadas 1000 bolsas do Programa Unificado de Bolsas da USP (PUB), mostrando como a USP não pretende garantir a permanência dos estudantes.

Frente à diversos ataques que a educação vem sendo vítima, como o bloqueio de R$ 785 milhões da Saúde e Educação vindo do governo Lula-Alckmin, que se soma a ataques como o Arcabouço Fiscal e a Reforma do Novo Ensino Médio ou os ataques do governo racista de Tarcísio em São Paulo, responsável por tirar os livros didáticos das escolas e tentar controlar as aulas dos professores, a precarização das universidades e educação corre a todo vapor e é urgente que os estudantes se organizem contra isso. Não devemos ter qualquer confiança nos governos e reitorias, aqueles que estão à frente de levar os ataques, devemos confiar apenas na nossa auto-organização aliado aos trabalhadores, como os trabalhadores da enfermagem que vem dando uma luta contra a precarização da saúde.

Por isso, nós da Faísca Revolucionária também convocamos os estudantes para estarem no ato “Contra o Sucateamento da Educação Pública” chamado pelos estudantes de Artes Visuais, dia 09/08; É preciso que o CALC (dirigido pela Correnteza e pelo Juntos) organize a luta dos estudantes da ECA por contratação e contra os ataques. Precisamos de assembléias construídas desde a base, onde os estudantes possam ter espaços reais para discutir e organizar sua luta, unificar as lutas dos diversos cursos e massificar a luta. Da mesma forma, é necessário que o DCE (dirigidos pela Correnteza, Juntos e UJC) convoque uma assembleia para podermos unificar as demandas dos diversos cursos e construir um plano de lutas para conquistarmos nossas demandas.

Essas correntes que dirigem as entidades, recusaram-se a organizar uma assembleia geral durante a ocupação da EACH, recusando-se a unificar as demandas dos estudantes dos diversos campi da USP. Diferente da atuação que essas correntes que o governo gosta vem tendo, como fez a Correnteza no CONUNE abraçando, junto à majoritária (PT, UJS e Levante) da UNE, o ministro Barroso, que ataca os trabalhadores da enfermagem, a oposição precisa exigir que haja um plano de lutas e assembléias desde as bases, rompendo com a paralisa da UNE rumo ao 11A, dia do estudante.

Devemos seguir o exemplo da ocupação da EACH, organizando os estudantes para arrancarmos mais contratação, efetivação de todos os professores temporários sem necessidade de concurso. Ao mesmo tempo garantir a abertura do livro de contas, pois queremos saber aonde vai o dinheiro da USP se não está indo para a contratação e permanência. Sem confiança nos governos e reitorias, precisamos nos organizar para garantirmos uma educação pública, gratuita e de qualidade, que esteja a serviço da classe trabalhadora e da população pobre.

Confira relatos dos estudantes de Artes Visuais (CAP-ECA)

“Desde que entrei no curso em 2021 lidamos com a falta de professores no departamento. Isso afetou meus estudos no curso em especial na área de história da arte. Os professores temporários (com os quais eu tive a maioria das matérias dessa área) tinham muitas vezes pouco conhecimento sobre os períodos históricos específicos das matérias que ministravam pois além do salário irrisório - comparado ao dos professores contratados - os professores possuem pouco tempo para estudar e preparar disciplinas de temas completamente diferentes. No semestre passado tivemos aula com uma professora temporária de história da arte super dedicada e engajada, pensamos que talvez pela primeira vez tivéssemos a chance de dar continuidade a estudos na área de forma mais profunda.

Essa professora recebeu um e-mail dizendo que seu contrato de professora temporária não havia sido renovado na última semana de julho, ou seja todo o trabalho não remunerado de preparação do programa foi por água abaixo. Além disso, de uma semana para outra os professores ficaram desempregados. É um grande desrespeito com os alunos e os professores! Isso aconteceu após o fim do período de matrícula. Algumas matérias como o laboratório de crítica que estavam inativas a muitos anos finalmente voltariam a ser ativas e quem sabe possibilidades de novos campos de estudo para iniciações cientificas e tccs.
Além disso, uma matéria obrigatória de 6 semestre de história da arte foi cancelada, alguns alunos atrasarão 1 ano sua formação por não poderem pegar essa matéria. As matérias de cerâmicas que viraram só um mito do passado, considerando que nenhum dos professores atuais do departamento possui conhecimento sobre a área, voltaram a ser ministradas no semestre passado por uma professora temporária. A área possui muitos alunos interessados, inclusive no semestre passado a matéria ficou lotada com alunos a mais do que o esperado. A perspectiva era que essa voltasse a ser uma área ativa do departamento.”
Sofia, estudante do CAP

“Evidentemente é absurda essa situação que estamos passando. Acho que em todo o curso, esse foi o maior descaso que presenciei. Já tinha visto faltar professores em diversos momentos e ter contratos revogados, isso não é nada novo no CAP. Mas o que achei realmente absurdo foi o momento em que isso foi feito (poucos dias antes da volta às aulas) e a justificação (inexistente kkk).

Eu estava matriculado em computação gráfica e linguagem gráfica, ambas matérias que seriam ministradas pelo prof. Miguel. Eram as duas últimas que faria para terminar meu bacharelado e eu estava bem ansioso pra cursá-las. No nosso curso de artes sinto que a área com menos disponibilidade de materiais e professores é a multimídia.

Até o começo de 2023 pouquíssimas matérias de multimídia estavam disponíveis (somente as ministradas pela profa. Silvia). Com a entrada do Miguel, 6 matérias da multimídia voltariam à ativa e o principal, que beneficiaria todo o departamento, era o retorno do ModelaFab. O laboratório de prototipagem conta com 2 impressoras 3D, uma fresadora CNC e uma cortadora à laser, 3 máquinas caras e que estão sem uso por não ter um supervisor. O laboratório seria reaberto a partir do início do segundo semestre para todos os alunos. Eu estava tentando pegar uma bolsa de monitoria pro ModelaFab, bolsa que já havia sido aceita e estava no júpiter, então o dinheiro destinado a ela já estava separado (com a demissão esse dinheiro fica sem destino, 2 alunos que precisam não vão receber e perdemos 1 possibilidade de projeto de pesquisa que ocuparia essa vaga). Além disso, foi gasto muito dinheiro para a manutenção dessas máquinas (as máquinas não funcionavam por estarem paradas a muito tempo) e vão voltar a essa situação por conta da demissão do Miguel. Demissão feita APÓS o reitor ter assinado um documento que apontava a renovação do contrato do Miguel.

Isso pra mim demonstra que o reitor não lê as coisas que assina, pois não faz sentido assinar algo em uma semana e na outra voltar atrás. E que sua assinatura aparentemente não tem peso ou palavra alguma. Não deram nenhuma justificativa plausível ou que fizesse sentido para essas demissões, me parece literalmente corte de gastos com um curso menor. Esse desmonte de cursos é visto em todos os departamentos que não são POLI, FEA, MED, ODONTO. Basicamente os cursos que não são os de "renome" pra sociedade e reitoria perdem cada vez mais dinheiro e recursos, dinheiro que a reitoria tem disponível para investir mas não na gente.”
Vinicius Omatsu, estudante do CAP




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