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Ato por Justiça às vítimas de violência do Estado | Ato na UERJ ecoa fortemente a luta das mães por justiça às vítimas de violência do Estado

Uma atmosfera emotiva e combativa tomou auditório na UERJ onde ocorreu a continuidade do 9o Levante Antirracista da Mães de Manguinhos. Mais de 60 familiares de vítimas da violência do Estado estiveram presentes, muitas tomaram a palavra e receberam, cada uma delas, uma homenagem e lembrança de sua luta em atividade organizada pelo grupo feminista socialista Pão e Rosas, pelas Mães de Manguinhos e pela juventude faísca.

sábado 23 de setembro de 2023 | Edição do dia

A atividade, emotiva e histórica, reuniu mais de 300 pessoas mobilizando jovens, trabalhadores, alguns professores e o protagonismo de mais de 60 familiares de vítimas de violência do Estado, com muito destaque aos casos de crianças e jovens. Estiveram presentes as Mães de Manguinhos, as mães do Jacarezinho, a família de Thiago, jovem de 12 anos assassinado pela polícia na Cidade de Deus recentemente, a família de Kethlen Romeu, de Amarildo, das vítimas da Chacina do Jacarezinho, da Maré, do Chapadão, Baixada Fluminense, da Rocinha, da Cidade de Deus e outras comunidades entre muitas outras vozes que ali ecoaram denunciando a violência policial, o Estado, a cumplicidade do judiciário com a impunidade policial, o racismo e o capitalismo por trás dessas mortes.

A mesa contou com falas de: Pryscilla Menezes, mãe do Thiago; Ana Cláudia, estudante do Serviço Social, do Pão e Rosas e tia do Thiago; Mirtes Renata, mãe do Miguel Otávio de Recife; Fátima Pinho, do Movimento Mães de Manguinhos e mãe do Paulo Roberto; Ana Paula, do Movimento Mães de Manguinhos e mãe do Johnatha; Mônica Cunha, vereadora do PSOL e mãe do Rafael; e Carolina Cacau, mestranda no Serviço Social UERJ e militante do MRT. A mesa foi conduzida por Ana Carolina e Tatiane Lopes, estudantes da História e Serviço Social respectivamente, ambas do Pão e Rosas e da juventude Faísca.

Veja abaixo o vídeo com o ato completo:

As duas primeiras falas, de Pryscilla e Ana Cláudia, além de denunciarem o assassinato de Thiago, marcaram a luta por justiça, o acolhimento pelas mães. Ana Cláudia também contou que, quando conheceu as Mães de Manguinhos e tinha junto do Pão e Rosas votado fazer uma campanha com elas por justiça, nunca imaginaria que estaria lutando também para justiça em sua família. E disse que é necessário a unidade entre a juventude e a classe trabalhadora.

Mônica Cunha, vereadora do PSOL, mãe do Rafael, também fez uma fala, que pode ser assistida na íntegra abaixo, onde, entre outras coisas, destacou fortemente como as vítimas e familiares ali presentes eram vítimas do racismo estrutural existente nesse país.

Após a fala de Mônica Cunha, tomou a palavra Mirtes, mãe de Miguel, que destacou a luta por memória, afirmou que seu filho foi vítima do racismo, como enfrenta na batalha o judiciário garantidor deste racismo e como ela teve que virar investigadora, advogada para continuar a luta por justiça não só por Miguel mas contra o racismo.

Ana Paula Oliveira, mãe de Johnatha, das Mães de Manguinhos, remarcou emotivamente como o que as mães sentem não é só dor, mas é o amor pelos seus filhos, que encontram na luta por justiça uma continuidade de sua maternidade. Que ao levantar cada dia e lutarem por justiça, contra a letalidade policial, contra o encarceramento em massa continuam essa luta. Entre vários elementos destacados em sua fala, ela também expressou sua luta para que o nome de seus filhos esteja nas ruas, nas escolas onde estudaram para que não se esqueça nunca o que o Estado fez. Veja na íntegra a forte fala de Ana Paula:

Fátima Pinho, mãe de Paulo Roberto, e também parte das Mães de Manguinhos, denunciou como seu filho foi morto por denunciar as abordagens policiais, e morreu em seus braços após sessão de tortura pela polícia. Sua fala também denunciou fortemente como seus filhos não só um CPF, têem nomes, sobrenomes e histórias. Ela também marcou que defendea a sua favela, que não é a do tráfico, da polícia, mas dos moradores. Veja a fala na íntegra abaixo:

A última fala da mesa foi feita por Carolina Cacau, professora da rede estadual e militante do Pão e Rosas e do Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT). Cacau, remarcou como estavam ali presentes mulheres corajosas que denunciam o Estado, pontuou como cada criança cada jovem assassinado podia ser um aluno nas escolas onde dá aula. Em sua fala pontuou como a luta por memória, verdade, justiça e reparação seja uma luta de toda classe trabalhadora, da juventude, que não pode ser uma luta só das mães, e que este ato era um pequeno passo nesse sentido. Também mostrou como essa violência do Estado se conecta com ataques a toda classe trabalhadora e sua maioria negra no nosso país, como a reforma da previdência e trabalhista, o novo Ensino Médio que Lula não vai revogar. Sua fala também pontuou como é necessário lutar pelo fim de todos batalhões especiais, rumo ao fim de todas polícias, não encarando cada crime cometido como foi feito por um policial ou que o problema fosse só a polícia militar. Veja a fala na íntegra abaixo:

O ato foi construído para exigir justiça e fazer uma homenagem para as vítimas da violência do Estado, com a entrega para mães e familiares de placas com os nomes das vítimas, como desdobramento da obra Filhos do Golpe, da artista Lina Hamdan, do Pão e Rosas. As placas foram construídas a muitas mãos, pela Faísca e pelo Pão e Rosas. Essa homenagem é para manter viva e em nossa luta a memória de cada vítima!

Foi um momento muito emocionante, em que cada família contou as histórias de seus filhos, denunciaram o Estado que além de matar, revitimiza seus filhos com falsas acusações, e as adoece sem garantir nenhuma reparação. Esse Estado que conta com todas as instituições, como o judiciário racista para manter a impunidade.

A força das emoções, das denúncias, e do apoio mútuo para desenvolver a luta por justiça se fortaleceu muito com essa atividade e aponta a potência do que é possível e necessário fazer em nosso país, com um capitalismo e um Estado herdeiros da escravidão, mas também da inspiradora luta negra. Com a força das mulheres e famílias presentes, com presença de estudantes e trabalhadores de diversas categorias, pode ficar marcado o que pode se fazer com essa união, um dos aspectos marcantes do ato. A classe trabalhadora, com sua maioria negra e feminina, será linha de frente para construir uma nova sociedade que permita que vidas não mais sejam interrompidas pela exploração e opressão.

A atividade também contou com presença de professores da universidade solidários, entre eles Felipe Moreira e Debora Lopes do Serviço Social e Denilson Araújo do Departamento de Geografia Humana do IGEOG, todos da UERJ, com Guilherme Pimentel, Ouvidor da Defensoria do Rio de Janeiro e presidente do Conselho Nacional de Ouvidorias das Defensorias do Brasil, Deley de Acai, defensor de direitos humanos da linha de frente de Acari, Gizele Martins, comunicadora popular da Maré, Faby Soares do São Carlos Ativo, Renata Kely Nunes da Frente CDD e Voz das Comunidades, Bruno do Manguinhos Cria, o Coletivo Feminista Peitamos, Cyro Garcia, presidente estadual do PSTU-RJ, Julio Condaque da direção municipal do PSTU e do coletivo negro Quilombo Raça e Classe, também presente com Maristela Farias, com o coletivo Negro Patrice Lumumba, bem como com a psicóloga Andrei Santiago, psicóloga do NAPAVE.

Convidamos os leitores a assistirem cada uma das potentes falas nos vídeos acima, para junto dos familiares de vítimas da violência do Estado construir um forte movimento por justiça, para responsabilizar o Estado mandante destes assassinatos e garantidor de sua impunidade. Cada condenação dos policiais e do Estado é um instrumento contra a impunidade, contra novas chacinas e a favor da luta dos trabalhadores.

O racismo intrínseco a esses asssassinato é um pilar fundante do capitalismo e do Estado em nosso país e precisa ser combatido unindo as forças da juventude e da classe trabalhadora responsabilizando não somente os indíviduos policiais ou burguesas como a Corte Real, mas também as instituições, o Estado e a burguesia que lucra com essa opressão aos negros e moradores de favelas no nosso país como remarcou Carolina Cacau em sua fala incluída no vídeo acima. Convidamos também para construir junto da juventude Faísca Revolucionária e do grupo feminista socialista Pão e Rosas uma nova tradição na esquerda brasileira, na juventude e na classe trabalhadora, que não ignore as mazelas que aflinge os trabalhadores mais precários, que erga essa unidade que é uma potência para parar a mão assassina do Estado mas também para erguer uma nova sociedade livre da opressão e exploração, portanto comunista.




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